I SÉRIE — NÚMERO 39
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Começando pelas perguntas da Sr.ª Deputada Carla Cruz, direi que, de facto, quando olhamos para o PCP
e para o Bloco de Esquerda, temos dois níveis de propostas: as propostas que são muito, muito importantes, e
que exigiram que constassem do Orçamento do Estado para votarem a favor delas,…
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Estavam lá e votaram contra!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — … e há as outras propostas, que não estão incluídas no Orçamento
do Estado, que os senhores vão apresentando para poderem satisfazer as clientelas aqui e ali e a vossa
orientação ideológica.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Quem tem clientelas é o PSD!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Falei em clientelas, Sr.ª Deputada, de propósito! É que quem tem
prestado o maior serviço ao setor privado da saúde, em Portugal, são o PCP e o Bloco de Esquerda, ao porem
a ideologia à frente dos direitos dos utentes, ao votarem os Orçamentos do Estado, como fizeram, empurrando
as pessoas para o privado. Aliás, só empurraram aqueles que têm recursos, porque, como já disse várias vezes,
quem não tem recursos fica refém da sua sorte, dos tempos de espera.
O Sr. Deputado António Sales falou aqui de um relatório muito importante, que é um relatório da ACSS, de
acesso a cuidados de saúde. E o que é que dizia esse relatório? Dizia que, para uma consulta de cirurgia
vascular, no Hospital de Vila Real, havia 1000 dias de espera; para uma consulta de cardiologia, havia 1307
dias de espera; para uma consulta de neurocirurgia, havia 490 dias de espera, no Centro Hospitalar Universitário
do Algarve, o tal hospital que os senhores prometeram e que depois não fizeram.
A Sr. Ângela Guerra (PSD): — Esse, esse!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Em termos de cirurgias, havia 546 dias de espera para uma cirurgia
de otorrino, no hospital de Évora. E a lista continua.
Além disso, sabemos da degradação que existe. Ainda agora, no meu hospital de origem, o Hospital Egas
Moniz, até há furtos de material hospitalar no valor de centenas de milhares de euros. O Hospital Egas Moniz é
hoje «o Tancos da saúde».
Quando falamos da dívida, o Sr. Deputado diz: «Nós, Partido Socialista, assumimos a dívida». Ora, nós
conhecemos essa escola, é a chamada «escola socrática», isto é, aquela em que a dívida não se paga, acumula-
se e gere-se e em que, quem vier a seguir, que a pague. Ao falar da dívida, o Sr. Deputado dizia «nós
acumulamos dívidas, não pagamos aos fornecedores porque fizemos investimentos».
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Quais?!
O Sr. António Sales (PS): — Olhe para os investimentos! Olhe para o nível de investimentos!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Ora, que eu saiba, no tempo da troica nós construímos cinco
hospitais.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Cinco hospitais!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Quantos é que os senhores construíram? Zero!
Vozes do PSD: — Zero!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — E quando olhamos para os dados de execução orçamental, vemos
que o nível de investimento em 2015 foi de 102 milhões de euros, em 2016 foi de 87 milhões de euros,…
O Sr. António Sales (PS): — Veja a partir de 2016!