17 DE JANEIRO DE 2019
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O Governo prometeu rigor nas contas públicas. A realidade é que foi divulgado há dias um relatório do
Tribunal de Contas, no qual se denuncia a degradação da situação financeira do Serviço Nacional de Saúde,
tendo a dívida do Ministério da Saúde atingido quase 3000 milhões de euros, no final de 2017. Pior, o Tribunal
de Contas põe mesmo em causa a própria credibilidade das contas do Ministério da Saúde.
Os socialistas continuam, portanto, os campeões da dívida e a herança socrática permanece bem patente.
Vozes do PSD: — É verdade!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — O Governo prometeu, em 2017, que a ala pediátrica do Hospital de
São João seria inaugurada, em 2019. Qual é a realidade? É que, hoje, em 2019, as crianças doentes do norte
do País — muitas delas com cancro — continuam a ser tratadas em contentores em pleno inverno. Inaceitável!
Aliás, depois de vários sobressaltos, no dia de Natal, a Sr.ª Ministra da Saúde, ao lado do Sr. Presidente da
República, afirmou que a obra da ala pediátrica do São João teria início em 2019. Nesta semana, apenas duas
semanas depois destas declarações, a mesma Ministra informou o País que, afinal, as obras só teriam início lá
para 2020. É impossível confiar neste Governo!
E a degradação do serviço público prossegue, empurrando quem tem recursos para o setor privado e
deixando quem não tem recursos à mercê da sua sorte.
Sr.as e Srs. Deputados: Os utentes e os profissionais estão no seu limite. Se nada for feito, a segurança dos
doentes pode vir a ser comprometida. Exige-se que o Governo reconheça que falhou e que ative um plano de
intervenção de emergência no Serviço Nacional de Saúde.
Terminando, Sr. Presidente, direi que o Partido Social Democrata está — como sempre esteve — preparado
para intervir e garantir que o acesso aos cuidados de saúde de qualidade seja uma realidade.
Estamos ao lado dos portugueses, apresentando soluções que devolvam dignidade, qualidade e humanidade
ao Serviço Nacional de Saúde.
Está na hora de o Governo fazer o mesmo.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Inscreveram-se quatro Srs. Deputados para pedir esclarecimentos, tendo
o Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite informado a Mesa de que pretende responder, primeiro, a dois Srs.
Deputados e, depois, a outros dois.
Tem, então, a palavra para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Moisés Ferreira.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite, começo por
cumprimentá-lo pela sua declaração política e dizer-lhe que quase já tínhamos saudades da tese do diabo. O
PSD utiliza-a mais ou menos de três em três meses, e certamente devem ter passado três meses desde a última
vez que a utilizou.
Sabemos que alguma coisa está mal no PSD quando vai buscar esta tese do diabo e quando reza todos os
dias para que o tal diabo apareça no País. Enfim, sempre que o PSD recorre a essa tese, isso é indicador de
algum mal-estar dentro do PSD.
Também sabemos que o PSD não tem credibilidade para falar do Serviço Nacional de Saúde, e muito menos
a tem quando envereda pelo desespero, que foi aquilo que se notou na intervenção do Sr. Deputado.
Falou o Sr. Deputado de transferências, de financiamento, de solvabilidade do Serviço Nacional de Saúde.
Em 2010, as transferências para o Serviço Nacional de Saúde foram de 8849 milhões de euros. Entretanto,
aconteceu essa catástrofe ao País, que foi um Governo do PSD e do CDS-PP, apoiado pela troica e a apoiar a
troica, e, em 2015, essas transferências já eram de 7880 milhões de euros, ou seja, menos 1000 milhões de
euros, Sr. Deputado.
No Orçamento do Estado para 2019, as transferências para o Serviço Nacional de Saúde são de 9200
milhões de euros, Orçamento do Estado este contra o qual o PSD votou, provavelmente porque até aumentava
as transferências para o SNS. Está visto que foi assim, porque este aumento foi o que contrariou a política do
PSD durante dois anos.