17 DE JANEIRO DE 2019
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Assim sendo, Sr. Deputado, pergunto-lhe, se concorda que a saúde não tem sido uma prioridade para este
Governo, que, a começar pelo seu Primeiro-Ministro e pelo Ministro das Finanças, sacrificou os serviços públicos
e a qualidade assistencial na saúde, e se também concorda que os três anos e tal de ação governativa socialista,
com o apoio das esquerdas unidas, fizeram agravar, e muito, o estado do Serviço Nacional de Saúde.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder aos dois pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr.
Deputado Ricardo Baptista Leite.
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Sr. Presidente, começo por agradecer ao Sr. Deputado Moisés
Ferreira e à Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto pelas questões que suscitaram.
De facto, tenho de agradecer ao Sr. Deputado Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda, porque, depois de ter
passado 45 segundos a falar do diabo, me fez lembrar que o Bloco de Esquerda é corresponsável direto pela
realidade que estamos a viver na saúde.
Aplausos do PSD.
Reconheço que foi uma falha na minha intervenção!
Os senhores ficam para a história colados ao que estamos a viver nestes últimos três anos e que terá
consequências ao longo dos anos vindouros.
Não é certamente deste lado que se vive o desespero. O desespero que se vive é o das populações, Sr.
Deputado, aquele que vimos ainda ontem na cara dos profissionais, desesperados por não terem respostas por
parte do Governo, quando visitámos o Centro Hospitalar de Lisboa Central, o desespero dos doentes que não
têm acesso às consultas a tempo e horas.
E o Sr. Deputado vem falar do setor privado ou mesmo do setor social?! Então, quando cortam o acesso à
saúde pública no nosso País, que outro remédio é que as pessoas têm senão irem para o privado? Aliás, quem
vai para o privado são os ricos, aqueles que têm possibilidades, porque quem é pobre fica, como eu disse, à
mercê da sua sorte. O que os senhores estão a criar é um Serviço Nacional de Saúde que não é para todos,…
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Muito bem!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — … um Serviço Nacional de Saúde para pobres, empurrando quem
tem recursos para os privados. Hoje, há uma violação da Constituição, porque não há um acesso universal geral
e tendencialmente gratuito à saúde.
O que estamos a viver — a Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto tem absoluta razão — é catastrófico, quer do
ponto de vista financeiro, quer do ponto de vista clínico.
Do ponto de vista financeiro, as esquerdas vêm falar de um aumento do orçamento para a saúde. Quando
olhamos para o Orçamento do Estado, vemos que há um aumento de toda a despesa pública — ainda agora
aumentou 3,3%. Mas, na verdade, quanto é que a despesa pública aumentou na área da saúde? Aumentou
2,3%. Fica sempre sempre atrás! É isto que é uma prioridade para vós? E quando comparamos quanto é que
investimos em saúde face ao PIB (produto interno bruto), isto é, 5,2%, em relação à OCDE, em que este valor
está nos 6,5%?!
Sr. Deputado, a verdade é esta: o investimento na saúde não é uma prioridade para vós, porque, se o fosse,
ao contrário de vermos uma redução face ao PIB, veríamos um aumento, que é aquilo que não estamos a ver.
Mas o pior de tudo é que os senhores estão a aumentar a dívida. Os senhores dizem que estão a aumentar
o orçamento, mas os tempos de espera continuam a aumentar, a qualidade clínica continua a estar
comprometida e a dívida continua a aumentar. É tudo mau!
Srs. Deputados, pergunto-vos: o que é que o Governo vai fazer? Há uma emergência eminente! Os partidos
têm de colocar a «partidarite» à parte, o Governo tem de assumir que falhou e temos de assumir uma causa
nacional, que é salvar o Serviço Nacional de Saúde.