I SÉRIE — NÚMERO 39
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Portanto, na verdade, ao falar de Serviço Nacional de Saúde, é inegável que há muita coisa a fazer, desde
a contratação de profissionais e a dignificação das carreiras dos profissionais até ao investimento, ao
investimento em tecnologia, etc.
Mas também é inegável que hoje se vive um paradigma diferente daquele que era o paradigma do PSD, que
é o de, todos os anos, afinal, haver mais orçamento do que aquele que existia no ano anterior. Isso é inegável.
É ainda inegável, Sr. Deputado, que, efetivamente, o PSD não tem credibilidade para falar sobre o Serviço
Nacional de Saúde. Basta olhar para aquilo que nos deixou.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Para concluir, Sr. Presidente, a pergunta que deixo ao Sr. Deputado é a
seguinte: se defende tanto o Serviço Nacional de Saúde, como é que justifica os atrás referidos 1000 milhões
de euros a menos, orçamentados pelo seu partido, em 2015?
E como é que justifica uma lei de bases que continua a querer drenar os recursos do Serviço Nacional de
Saúde para o privado, como aquela proposta de lei de bases apresentada pelo PSD?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem, agora, a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada
Isabel Galriça Neto.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, quero agradecer ao Sr.
Deputado Ricardo Baptista Leite e ao PSD terem trazido a temática da saúde a este Plenário, embora,
lamentavelmente, pelas piores razões.
Como o CDS vem dizendo, desde há três anos, a saúde dos portugueses está pior, os recursos humanos do
Serviço Nacional de Saúde estão piores, o SNS tem a sua sustentabilidade e a sua viabilidade ameaçadas. Em
suma, a saúde dos portugueses está mal!
E não é apenas o CDS e o PSD que o dizem, dizem-no as ordens profissionais, as associações sindicais,
que ainda hoje de manhã ouvimos na Comissão de Saúde, as associações de gestores, os profissionais que
denunciam a falta de segurança clínica, algo que, insisto, não é de um País europeu mas de um País terceiro-
mundista.
Protestos do PS.
Os senhores das bancadas das esquerdas unidas podem vir aqui anunciar números, podem vir desvalorizar
a realidade, podem vir dizer que está tudo bem, mas o que demonstram é uma insensibilidade social perigosa.
O que os senhores não podem fazer é negar que estão há mais de três anos no Governo…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora!
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — … e que o principal instrumento de ação governativa, que é o
Orçamento do Estado, foi aprovado pelas bancadas do Partido Socialista, do Bloco de Esquerda, do Partido
Ecologista Os Verdes e do PCP.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Podem vir dar os golpes teatrais todos e dizer que estão
preocupados com o Serviço Nacional de Saúde, o que não podem é negar que aprovam Orçamentos que fazem
com que o Serviço Nacional de Saúde esteja no estado em que está.
Também não podem vir tentar branquear, com os poucos aspetos positivos da realidade, a gravidade dos
factos, que, tal como já disse aqui, são denunciados por entidades independentes, como o Tribunal de Contas,
que chamam a atenção para aquilo que o CDS não se tem cansado de alertar.