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I SÉRIE — NÚMERO 39

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Três anos de ilusões e habilidades. Três anos de promessas vãs e por cumprir. Três anos de austeridade

encapotada. Três anos que deixaram os cidadãos, nomeadamente os mais pobres e vulneráveis, ao «Deus-

dará», cidadãos a quem o Estado tem a obrigação de proteger.

Veja-se a situação dramática que se vive no Serviço Nacional de Saúde (SNS): aquela que foi a maior

conquista da democracia — o SNS representa a mais relevante rede de proteção social — está hoje em situação

de falência, incapaz de responder às necessidades dos cidadãos.

Não há memória de uma situação tão grave como aquela que vivemos hoje na saúde. Veja-se o caso da

Maternidade Alfredo da Costa: esta instituição de referência nacional fechou portas por falta de meios — por

falta de profissionais! — na noite de Natal. É caso para se dizer que o diabo não está para chegar, o diabo

chegou e está no Serviço Nacional de Saúde.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Maria Antónia de Almeida Santos (PS): — É falso!

O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Ainda ontem, a Comissão de Saúde visitou o Hospital Dona Estefânia

— o mais relevante centro pediátrico do nosso País —, onde os diretores de serviço se demitiram em bloco.

O que motivou a demissão destes profissionais foi claro: uma situação de insustentável falta de médicos e

enfermeiros que perdura desde 2017, com promessas múltiplas do Governo que nunca foram cumpridas.

Demitiram-se e deixaram o aviso de que, se nada for feito, não restará outra solução que não seja o fechar

das portas do serviço de urgência do Hospital Dona Estefânia, afetando toda a população pediátrica da Grande

Lisboa.

Infelizmente, constata-se que nunca, como nestes três últimos anos, ocorreram tantas demissões de

responsáveis hospitalares do SNS, de norte a sul do País. Já para não falar da demissão do Presidente da

ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde) ou da demissão do Coordenador da Rede Nacional de

Cuidados Continuados e Paliativos. Todos se demitiram por terem esgotado a paciência perante as constantes

promessas não cumpridas do Governo.

Quebrou-se a confiança, deixando a gestão da saúde «sem rei nem roque» e deixando os portugueses a

pagar a conta.

Sr.as e Srs. Deputados: O Governo prometeu um médico de família para todos. A realidade é que há mais de

meio milhão de portugueses ainda sem médico de família.

O Governo prometeu acabar com as listas de espera. A realidade é que os tempos de espera continuam a

degradar-se de mês para mês, havendo casos de doentes que esperam 1300 dias — mais de três anos e meio!

— por uma simples consulta de cardiologia!

O Governo prometeu que a saúde seria a sua primeira prioridade. E a realidade é que nunca se verificou

uma tão grande redução dos níveis de investimento público no Serviço Nacional de Saúde — menos 26% do

que em 2015!

O Governo prometeu devolver a paz social e aprovar as carreiras dos profissionais. Mas, na realidade, não

há memória de tantas greves na saúde,…

Protestos da Deputada do PS Maria Antónia Almeida Santos.

… com todos — médicos, enfermeiros, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica — a verem as

promessas não cumpridas. Já para não falar na forma como a Sr.ª Ministra da Saúde qualificou de «criminosos»

os enfermeiros do nosso País.

Protestos do PS.

Mas há mais. O Primeiro-Ministro, António Costa, prometeu que todas as cirurgias adiadas por causa das

greves seriam realizadas até março de 2019. No entanto, esqueceu-se de dizer que, para se realizarem essas

cirurgias, os hospitais vão adiar as outras cirurgias que já estavam agendadas. A estratégia do Governo é

simples: os doentes que esperem.