I SÉRIE — NÚMERO 46
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Tem custos para os contribuintes quando esses recursos podiam ser utilizados em políticas alternativas que
privilegiassem o investimento público e beneficiassem as populações em geral, como seria investir seriamente
em transportes públicos cuja degradação dos atuais salta à vista desarmada, sobretudo nos comboios a cair
aos bocados por todo o País, apesar das recentes promessas de aquisição de comboios para dois mil e vinte e
tal.
O Sr. André Pinotes Batista (PS): — Isso não faz sentido!
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Mas como isto é só para dois mil e vinte e tal, não dá votos para este ano.
Então, houve que aproveitar o poucochinho crescimento da economia e a maior carga fiscal de sempre para se
efetuar uma campanha de angariação de votos.
Por isso, Sr. Presidente, o PSD recusa que o Orçamento do Estado seja uma máquina de calcular eleitoral.
Como tal, existem perguntas a que o Governo tem de responder e cuja resposta foi, até agora, zero!
Qual vai ser a estimativa de acréscimo de procura que esta medida vai gerar? Qual a resposta operacional
dessa mesma procura? Os metros deixarão de ter problemas técnicos? Passam a ter mais carruagens? Os
barcos deixam de ser suprimidos? Porque é que o Navegante Escolar não dá para a CP? Como é que é com a
bilhética? Só em Lisboa existem cerca de 1600 títulos diferentes!
Onde entram aqui as soluções integradas, como as apps da Gira, das trotinetas, da Uber? E o
estacionamento às portas das grandes cidades? E os interfaces com outros modos de transporte? E o acordo
sobre o passe social único na Área Metropolitana de Lisboa? Ainda recentemente, os municípios da Área
Metropolitana de Lisboa não estavam de acordo.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados socialistas, para que servirão preços populares se não existem
transportes?
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, termina hoje, precisamente, o prazo para o Governo emitir os despachos
que concretizarão a aplicação desta redução. Continuam a existir dúvidas quanto à forma como a redução vai
ser aplicada a todo o País. A redução tarifária na Área Metropolitana de Lisboa e do Porto tem data marcada: 1
de abril.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Já no resto do País a operação terá de ficar para as calendas.
Sr. Presidente, o Governo socialista cria desigualdades ao promover cidadãos de primeira e de segunda.
Não tem qualquer preocupação com a promoção da universalidade, da equidade e da justiça social.
Enfim, temos um verdadeiro forrobodó eleitoralista à solta.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral, do
CDS-PP.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, queria começar por
felicitar o Bloco de Esquerda, mas tenho alguma dificuldade.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Por ser o Bloco de Esquerda?!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Acho que a demagogia, o embuste, a falsidade política têm de ter limites.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Também acho!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — E remeto para aquilo que o CDS disse sobre este PART em sede de
Orçamento do Estado.