I SÉRIE — NÚMERO 48
26
Aplausos do PS e do Deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, nas suas próprias palavras se
verificou que é não só possível como necessário esse aumento dos salários.
Sr. Primeiro-Ministro, no Orçamento do Estado para 2019, decidimos que o regime de reforma dos mineiros
seria alargado aos trabalhadores das pedreiras, pelo que, com esta decisão no âmbito do Orçamento, passam
a estar abrangidos por este regime os trabalhadores da extração e da transformação da pedra e também os
trabalhadores das lavarias das minas.
Ainda há problemas que se mantêm e o PCP vai lutar para que eles se resolvam: por exemplo, o problema
das penalizações das reformas pelo fator de sustentabilidade mantém-se e vai ser discutido, amanhã, um projeto
de lei do PCP para que ele possa ser resolvido rapidamente.
Porém, a decisão em sede do Orçamento do Estado tem um valor muito grande, que queremos sublinhar.
Quase 15 anos depois de o PCP ter trazido esta luta à Assembleia da República, com o primeiro projeto de lei,
e depois de anos em que estivemos sozinhos nesta proposta, finalmente conseguimos fazer justiça a estes
trabalhadores, que têm profissões muito penosas.
A questão que quero colocar, hoje, Sr. Primeiro-Ministro, tem a ver com essa decisão no Orçamento para
2019. O alargamento do regime de reforma ficou dependente da regulamentação do Governo, mas, não sendo
matéria muito complexa, passou já o mês de janeiro e o Governo ainda não a publicou. Há milhares de
trabalhadores ansiosos por se poderem reformar, mas não o podem fazer enquanto o Governo não publicar
essa regulamentação.
Por isso, pergunto-lhe: vai o Governo fazer a regulamentação desta decisão do Orçamento, de forma a que
os trabalhadores das pedreiras, da extração e da transformação da pedra e também os trabalhadores das
lavarias das minas possam reformar-se de acordo com as suas expectativas quanto às condições a que têm
direito?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado, tenho a indicação de que o Ministério do Trabalho,
Solidariedade e Segurança Social está, precisamente, a trabalhar na regulamentação dessa norma. Não lhe sei
dizer, neste momento, qual é o calendário previsto, mas creio que será o mais curto possível.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, a não recuperação dos salários
tem como resultado a desregulação laboral e a precariedade dos vínculos laborais.
No público e no privado, a cada posto de trabalho permanente tem de corresponder um vínculo efetivo. No
setor público, o Governo tem adiado e bloqueado as soluções e os prazos já foram há muito ultrapassados. É
assim na RTP (Rádio e Televisão de Portugal), na Lusa, nas sociedades Polis, na Estrutura de Missão para a
Extensão da Plataforma Continental, no caso dos técnicos especializados das escolas, entre outros.
Não há espaço para muitos mais exemplos, mas dou-lhe dois ou três.
No ensino superior, foram aprovados apenas 8% dos mais de 2000 requerimentos do PREVPAP analisados
e referentes a carreiras especiais de professores e investigadores.
Na ciência, dos 5000 contratos para doutoramentos prometidos pelo Governo para esta Legislatura, só foram
formalizados 1859.