I SÉRIE — NÚMERO 49
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O Sr. António Filipe (PCP) — Os problemas têm vindo a arrastar-se, a resolução tem sido ou muito lenta ou
parada, nalguns aspetos, o que, efetivamente, dá razão ao conteúdo do projeto de resolução que aqui é
apresentado.
O PSD isenta-se de responsabilidades, que também tem, mas há questões que são colocadas e que é
preciso resolver. A saber, no que se refere às condições de atendimento nos registos e notariado, em que o que
é dito é verdade, ou seja, há falta de privacidade, há falta de pessoal, quem tem de renovar o seu cartão de
cidadão — e todos os cidadãos têm de o fazer — sabe as agruras que passa, sabe que, se quiser fazer uma
marcação, quantos meses tem de esperar por ela, o que é inaceitável. Mas também é preciso resolver os
problemas relacionados com as condições de trabalho e o estatuto dos funcionários dos registos e notariado.
Este projeto de resolução faz uma chamada de atenção para problemas que importa resolver. Da nossa
parte, entendemos que é dever do Governo cumprir as suas obrigações e fazê-lo cumprindo aquilo que dispôs
o Orçamento do Estado e, além disso, criando condições de melhor atendimento aos cidadãos e de melhores
condições sociolaborais para os trabalhadores dos registos e notariado.
É isso que esperamos que seja feito, e por isso consideramos que as questões suscitadas neste projeto de
resolução têm, de facto, pertinência.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para encerrar este primeiro ponto da ordem de trabalhos, dou,
de novo, a palavra, para uma intervenção, à Sr.ª Deputada Emília Cerqueira.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Todas as intervenções, que saúdo —
salvo a da digníssima Deputada Susana Amador, que compreendo —, vieram ao encontro dos reais problemas
com que se deparam os serviços de registos e notariado, bem como os funcionários, os conservadores e os
notários.
Sr.ª Deputada Susana Amador, compreendo a sua necessidade de branquear a realidade, uma realidade
que está lá, todos conhecemos, sabemos que é devida à inércia deste Governo, que não resolveu os assuntos
em três anos, apesar de os colocar na legislação, mas tem-nos habituado a anúncios e mais anúncios, a estudos
e mais estudos, projetos e mais projetos, programas e mais programas, esquecendo-se do que é essencial, que
são as realizações. Como compensação, faz aquele discurso de «a culpa é do anterior», como se estivesse nos
primeiros meses do mandato. Isso é que é extraordinário!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Fala-se do mandato de um Governo em situações muito especiais, de um
Governo que governou numa situação muito especial e que é culpado de todos os males do mundo que, em
quatro anos, não conseguiu resolver, apesar de estar sob assistência externa. Mas vejamos o que temos agora:
uma bela estratégia de comunicação, em que tudo está bem, tudo se resolve… E, Srs. Deputados, realmente
tenho de admitir que funcionou, e funcionou durante muito tempo. Foi uma espécie de cortina, de poeira sobre
a população, de anestesia geral, mas, tal como os efeitos da anestesia ou de qualquer medicamento, os seus
efeitos vão passando. Também no discurso de anestesia do PS começa a passar a anestesia.
Passada a anestesia, o que temos? Estruturas degradadas, situação remuneratória que, apesar de constar
da Lei do Orçamento do Estado, não está resolvida, direito à privacidade que está em clara violação do regime
de proteção de dados e toda a gente descontente: população e funcionários dos registos e notariado.
Esta é que é a realidade, para além dos discursos.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, vamos passar ao ponto dois
da ordem de trabalhos, que consiste na discussão do Projeto de Resolução n.º 1935/XIII/4.ª (PS) — Consagra