I SÉRIE — NÚMERO 55
48
Ora, este «logo se vê» não pode ser uma gestão pública pouco séria de um dossiê tão importante como este;
o «logo se vê» é deixar para amanhã aquilo que, hoje, está a fazer mal à vida das pessoas e ao País; o «logo
se vê» é deixar ganhar as decisões dos privados e da direita que arruinou o País contra as pessoas e contra a
nossa população; o «logo se vê» é não fazer nada perante uma gestão que, apesar de «criminosa», continuará
à frente dos CTT; o «logo se vê» é dizer que essa gestão «criminosa» vai ser recompensada, porque terá um
banco, uma rede de balcões desse banco construído em cima dos Correios de Portugal,….
O Sr. André Pinotes Batista (PS): — Já têm! É verdade!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — … e terá no final, mesmo no final de todas as prioridades, as obrigações
de serviço público que, demasiadas vezes, incumpre.
Sr.as e Srs. Deputados, o que retiram das notícias desta semana? Ainda ontem, a pedido do Bloco de
Esquerda, veio ao Parlamento a ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações) mostrar o que estava visível
mas que a direita ainda não reconhecia. A ANACOM veio dizer que a administração dos CTT pouco tem a ver
com a verdade, que não diz os números reais da empresa e que, na prática, o que apresenta ao regulador é
uma aldrabice. Diz que tem números de reclamações abaixo do previsto, quando o que percebemos é que os
números de pedidos de negócio, no que toca ao serviço público postal, estão abaixo do previsto, mas as
reclamações já rebentaram qualquer registo histórico.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — É tão bom ter um amigo no regulador! És tão santo!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Então, o que retiramos desse resultado? Sr.as e Srs. Deputados, da parte
do Bloco de Esquerda, não há qualquer dúvida. Para proteger o País, para proteger as nossas populações, para
proteger o interior do País, para proteger o que é estratégico, queremos a nacionalização dos CTT e é isto que
vamos levar a votos.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr. Deputado, tem um pedido de esclarecimento.
Dou a palavra, para o efeito, ao Sr. Deputado André Pinotes Batista.
O Sr. André Pinotes Batista (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, já percebemos que, à esquerda,
estamos de acordo no essencial, mas há uma questão entre a proclamação e a ação.
Ouvimos, aqui, uma proclamação com a qual estamos de acordo, mas agora queremos dizer o seguinte: da
parte do Partido Socialista, nós estaremos cá para dar a mão aos trabalhadores e aos utilizadores deste serviço.
Fá-lo-emos com ponderação, através da análise da concessão que existe, e acredito que, com rigor e
ponderação, vamos conseguir fazer este caminho e devolver aos portugueses e às portuguesas um serviço com
qualidade. Não, o nosso caminho não é aquele.
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Aprovem! Aprovem!
O Sr. André Pinotes Batista (PS): — Sr. Deputado, volto a perguntar-lhe a mesma coisa: qual é o
instrumento? Qual é a consequência? Quanto é que custa?
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Vão votar a favor?
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, creio que a pergunta de fundo é
no sentido de saber se o PS se quer deixar de falinhas mansas e quer passar, de facto, à ação. Essa é que é a
pergunta de fundo.