I SÉRIE — NÚMERO 55
44
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. JoséMouraSoeiro (BE): — Um mecanismo deste tipo tem várias vantagens e uma delas é a de
obrigar o legislador ou a legisladora, cada vez que fazem uma lei, a ponderar, pensar e avaliar qual é o impacto
previsível que essa lei vai ter sobre a pobreza. Aliás, este é um mecanismo semelhante ao que o Parlamento
aprovou sobre o impacto de género.
Por isso, Sr.ª Deputada Wanda Guimarães, os argumentos que utilizou são incompreensíveis. Os
argumentos que utilizou agora, dizendo que é prematuro ou que a avaliação do impacto da legislação deve ser
feita por via de um projeto-piloto do Governo, também poderiam ter sido usados quando foi apresentada a
proposta do Partido Socialista, que já está em vigor, da avaliação do impacto de género.
O Sr. PedroFilipeSoares (BE): — Bem lembrado!
O Sr. JoséMouraSoeiro (BE): — Então, por que é que o Parlamento acha que pode fazer uma lei para
avaliar o impacto de género mas não pode fazer uma sobre a pobreza porque é prematura? Por que é que tem
de ser uma proposta do Governo?!
O Sr. CarlosPereira (PS): — Nós estamos de acordo!
O Sr. JoséMouraSoeiro (BE): — Se estão de acordo, Srs. Deputados, excelente. Então, vamos ter
condições para que o projeto seja aprovado e para que, em vez de o considerarmos prematuro, possamos
melhorá-lo, na especialidade.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe para concluir.
O Sr. JoséMouraSoeiro (BE): — Finalmente, sobre o argumento do PSD, percebo que quem tanto agravou
a pobreza não queira, sequer, uma avaliação deste tipo, mas é justamente para nos responsabilizar a todos que
um mecanismo deste tipo é útil.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Passamos ao quinto ponto da nossa agenda, que consta da discussão
conjunta, na generalidade, dos Projetos de Lei n.os 1080/XIII/4.ª (PCP) — Estabelece o regime de recuperação
do controlo público dos CTT e 1096/XIII/4.ª (BE) — Procede à nacionalização dos CTT e do Projeto de Resolução
n.º 1869/XIII/4.ª (Os Verdes) — Procede à nacionalização dos CTT.
Para apresentar a iniciativa do PCP, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP.
O Sr. BrunoDias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Partido Comunista Português promoveu o
agendamento deste debate sobre os CTT e a recuperação do controlo público dos correios, pelo que a primeira
palavra que queremos dirigir neste momento é para os trabalhadores dos correios.
Os trabalhadores dos CTT — os homens e mulheres que estão lá na empresa, nos locais de trabalho, com
as suas organizações de classe — continuam a ser a primeira linha de defesa do serviço público postal, não só
na luta pelos direitos e condições de trabalho mas, desde logo, pela defesa dos utentes e populações, pela
defesa do interesse público e pela defesa da própria empresa CTT face a um ataque sem precedentes ao seu
desmantelamento e descapitalização que a gestão privada tem vindo a impor.
Saudamos, por isso, a luta dos trabalhadores dos CTT de norte a sul do País, que hoje, mais uma vez, teve
uma etapa e uma jornada aqui mesmo em frente à Assembleia da República, fazendo ouvir a exigência que a
realidade está a evidenciar todos os dias, a do regresso dos CTT para a esfera pública e o fim dessa privatização
verdadeiramente criminosa, decretada pelo anterior Governo do PSD e do CDS.
Aplausos do PCP.