22 DE FEVEREIRO DE 2019
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parlamentar nem a entidade reguladora. De facto, é o Governo que deve ter coragem política — se é que a tem
— para enfrentar os interesses instalados e os grupos económicos que estão a destruir os CTT e o serviço
postal.
Portanto, da mesma forma que estivemos no Lavradio — nesse dia, o Sr. Deputado, que é um homem muito
ocupado, não se encontrava lá — lado a lado com a população, para reclamar contra o encerramento da estação
dos correios e contra o desenlace desta política de desmantelamento do serviço postal, assim trazemos,
sinceramente, a este debate a expetativa das populações. Que, amanhã, na hora da votação deste projeto de
lei, o PS não dê, uma vez mais, a mão ao PSD e ao CDS, para chumbar o regresso dos CTT à esfera pública!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para intervir na apresentação da sua iniciativa, tem a palavra o Sr.
Deputado Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estamos a discutir hoje uma das
decisões mais ruinosas tomadas pelo Governo PSD/CDS, um verdadeiro ataque ao País, à sua história, à sua
soberania, à sua coesão territorial.
De cada vez que o PSD e o CDS batem no peito, dizendo que estão preocupados com o interior do País,
com as desigualdades no território, com as populações que ficam para trás, nós lembramos que têm as mãos
manchadas com uma privatização ruinosa para o País, a privatização dos CTT.
Aplausos do BE.
Não esquecemos quem nos acompanhou sempre contra esta decisão ruinosa: os trabalhadores e as
trabalhadoras dos CTT, que, hoje, estão também aqui representados, que saíram à rua para dizer que o seu
posto de trabalho é importante e que deve ser levado adiante com dignidade, com condições de trabalho,
sabendo que, sobre os seus ombros, têm uma empresa estratégica para o País, que faz a diferença a uma
grande parte da população, particularmente à mais idosa. No seu dia a dia, são eles que constroem esta coesão
territorial que, tantas vezes, aqui discutimos.
Sabemos — e já foi dito — que esta administração dos CTT está a fazer uma gestão ruinosa da empresa,
mas queria salientar a palavra que ainda agora foi utilizada pelo PS, quando falou em gestão «criminosa» da
empresa. Ora, se uma empresa como os CTT, estratégica para o País, tem uma gestão «criminosa», que
decisão deve tomar o decisor político?
Do nosso ponto de vista, só existe uma consequência possível: a nacionalização da empresa.
Se fosse uma empresa que não fizesse falta, poderíamos dizer: «São privados, não nos fazem falta, que se
amanhem». Se fosse uma empresa que não fizesse diferença na vida das pessoas, poderíamos dizer:
«Salvaguardem-se os postos de trabalho, deite-se fora a gestão da empresa, deita-se fora esta administração
ruinosa para a empresa». Mas, Sr.as e Srs. Deputados do PS, a afirmação de uma gestão «criminosa» numa
empresa estratégica para o País só pode ter como consequência a votação a favor do projeto de lei do Bloco
de Esquerda para a nacionalização dos CTT. Menos do que isso é dar a mão a uma decisão criminosa do PSD
e do CDS, que foi a privatização da empresa; menos do que isso é não se levarem a sério nas vossas próprias
palavras; menos do que isso é não levarem a sério nem o País, nem os trabalhadores e as trabalhadoras dos
CTT!
Sabemos qual é a intenção da administração dos CTT: descapitalizar a empresa, rapar tudo o que há para
rapar antes do final da concessão e, no fim desta, dizer ao Estado dizer que não há ninguém que possa fazer o
que eles fazem, mesmo que seja mau, que não há ninguém que possa assumir o que eles estão a fazer, mesmo
que seja mal feito, que não há ninguém que tenha a capacidade de fazer o que estão a fazer, mesmo que isso
não seja suficiente para defender o País.
O Governo do PS, sobre isto, não nos deixou tranquilos, porque quando a Deputada Catarina Martins disse
que deveria haver uma resposta forte do Governo perante uma administração fraca para o interesse do País, o
Primeiro-Ministro respondeu-lhe: «Bem, o final da concessão é já no fim do próximo ano e, depois, logo se vê».