I SÉRIE — NÚMERO 60
22
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
Os cuidadores informais desenvolvem hoje em dia um trabalho muito importante, um trabalho absolutamente
notório e um trabalho que Os Verdes reconhecem e muito valorizam.
Normalmente, familiar, amigo ou vizinho de quem precisa de cuidados, o cuidador informal presta um trabalho
24 horas por dia e 365 dias por ano, assumindo-se como o principal responsável pela organização, assistência
e prestação de cuidados a quem se vê numa situação de dependência. Uma dependência que não decorre ou
pode não decorrer exclusivamente do envelhecimento, porque há doenças e acidentes que criam dependência
e que exigem a prestação de cuidados diários e regulares, normalmente assegurados pelos cuidadores
informais.
Ora, a dependência causa impactos na vida das pessoas, não só ao nível pessoal e social como também do
ponto de vista económico. E neste quadro é necessário implementar uma resposta pública que não só garanta
apoio às pessoas em situação de dependência mas também, e simultaneamente, sirva de suporte aos
cuidadores informais.
Exigem-se, assim, medidas concretas que respondam a estas dificuldades e, desde logo, uma estratégia de
desenvolvimento da resposta dos serviços públicos, nomeadamente ao nível dos cuidados de saúde primários,
ao nível hospitalar e ao nível dos cuidados continuados integrados.
Por outro lado, é necessário dar atenção aos cuidadores informais e às situações familiares e sociais
envolventes, porque os cuidadores informais confrontam-se com muitos problemas não só ao nível da
sobrecarga física e psicológica, que, muitas vezes, levam à exaustão e até à depressão, mas também os
relacionados com os custos na saúde.
Nesta matéria, Os Verdes consideram que o Estado também não pode desresponsabilizar-se das suas
funções sociais, sobretudo quando estamos a falar de matérias como a saúde ou a segurança social, porque os
cuidadores informais, para além da sobrecarga física e psicológica, confrontam-se ainda com a falta de
instrumentos e apoios públicos que possam minimizar os impactos ou as consequências do exercício da função
de cuidador informal.
Portanto, o que nos parece absolutamente imperioso é a criação de apoios, em termos da prestação de
cuidados, nomeadamente ao nível da formação e do aconselhamento, ao nível do apoio domiciliário, mas
também ao nível dos apoios ou prestações sociais, designadamente no que diz respeito ao subsídio de
dependência ou ao apoio à terceira pessoa, entre outros.
Dito de outra forma, é necessário criar as condições para que os cuidadores informais tenham uma vida o
mais próxima possível de um dia a dia normal, que tenham tempo para a sua vida profissional, que tenham
tempo para a sua vida pessoal e social e, sobretudo, que não sejam obrigados a ter de abandonar a sua vida
profissional para poderem prestar assistência a quem precisa.
Para terminar, quero dizer que Os Verdes, face às iniciativas legislativas em discussão, do Governo e de
outros partidos, acompanharão aquelas iniciativas que, na nossa perspetiva, venham contribuir para dar
resposta a estes problemas que estão mais do que identificados.
Aplausos de Os Verdes.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem, agora, a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do
Partido Socialista, o Sr. Deputado Luís Soares.
O Sr. Luís Soares (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Partido Socialista foi o único partido
que incluiu no seu programa eleitoral, para cumprir nos quatro anos de mandato, a adoção de medidas de apoio
aos cuidadores informais.
O Programa do Governo reproduziu esse compromisso e a proposta de lei apresentada pelo Governo, que
hoje discutimos, materializa e concretiza esse mesmo compromisso.
É claro que, sem outro argumento, os partidos da oposição acusam agora o PS de inação. Outros dirão que
o ritmo deste processo legislativo foi lento. Mas a verdade insofismável é que, em 45 anos de democracia, fomos
o único partido no Governo que avançámos com o legítimo reconhecimento que os cuidadores informais
merecem.