I SÉRIE — NÚMERO 63
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Sr.as e Srs. Deputados, tinham obrigação de o ter feito ao longo de toda esta Legislatura. Os senhores sabem
que é este o Governo que apoiam, foram estes orçamentos que apoiaram e que nada resolveram até hoje,
portanto, os senhores são os responsáveis porque os senhores é que governam.
Para concluir a minha intervenção, não posso deixar de lembrar tempos em que o PS tinha um primeiro-
ministro que inaugurava call centers. Eram os tempos do Eng.º Sócrates, e o que dizia o Sr. Eng.º Sócrates na
altura em que inaugurava call centers? Dizia, por exemplo, que começar o ano político a inaugurar o call center
é, no mínimo, uma silly rentreé.
O que constato, com as Sr.as e Srs. Deputados, é que a silly season já não é durante as férias ou a seguir às
férias, a silly season já é mesmo muito antes das férias, foi o tempo em que os senhores viveram ao longo desta
Legislatura. Portanto, os senhores são responsáveis, já deveriam ter resolvido este problema há muito e chorar
lágrimas de crocodilo neste momento da Legislatura não passa disso mesmo: chorar lágrimas de crocodilo.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Muito obrigado, Sr. Deputado António Carlos Monteiro. Nada
como um membro da Mesa para dar o exemplo.
Para encerrar o debate, tem agora a palavra, em nome do Partido Socialista, o Sr. Deputado Tiago Barbosa
Ribeiro.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Queria dizer umas palavras
finais neste debate.
Relativamente às intervenções do PSD e do CDS, de facto, não há muito mais a acrescentar porque o
contributo é zero: é zero nas propostas, que não existem, e é zero no contributo para o debate, que, aliás, é
muito semelhante ao contributo para outros debates. Ao menos faça-se essa justiça, porque independentemente
do tema em discussão, quando se trata de matérias laborais, o contributo do PSD e do CDS é mais ou menos
o mesmo e não acrescenta muito às discussões que estamos a ter. Ao menos têm coerência nessa falta ao
debate, que registamos.
Aplausos do PS.
Quando foi preciso combater o assédio no trabalho, que abrange também os trabalhadores dos call centers,
os senhores não acompanharam. Quando foi preciso aumentar o salário mínimo 95 € ao longo desta Legislatura
os senhores disseram que iria aumentar o desemprego. Quando foi preciso combater a precariedade,
nomeadamente com o PREVPAP, (Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na
Administração Pública), os senhores votaram contra. Quando foi preciso aumentar e reforçar a responsabilidade
subsidiária dos trabalhadores afetos a empresas de trabalho temporário, os senhores não só votaram contra
como disseram «vejam lá, a lei será inconstitucional». Portanto, os senhores não têm passado para falar sobre
esta matéria e não têm futuro a acrescentar às propostas que estamos a debater.
Aplausos do PS.
Relativamente ao consenso, que creio que existe em quem, efetivamente, quer trabalhar nesta matéria, creio
que precisamos de entregar este estudo ao Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério do Trabalho,
Solidariedade e Segurança Social.
Temos a perceção de que existem muitos problemas neste setor: como trabalham as pessoas, quanto
recebem, que tipo de contratos têm, como é o seu ambiente de trabalho, que problemas e doenças resultam da
sua atividade, quantos precários existem. Temos uma ideia, sabemos que são más condições — todos nós
temos essa perceção —, mas precisamos saber, com rigor, o que estamos a discutir para que possamos,
também com rigor, regulamentar e não dar um passo maior do que a perna, para que depois esse trabalho que
queremos e devemos fazer não seja desfeito, num futuro que esperamos que seja distante.