I SÉRIE — NÚMERO 63
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A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, igual desafio é convocado a quem tem de falar sobre
estas duas iniciativas.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — E a Vice-Presidente da Mesa por maioria de razão.
Risos.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Gostaria de saudar o Bloco de
Esquerda por estas iniciativas.
Já tivemos oportunidade de referir aqui, no passado mês de janeiro, a propósito de uma petição e de um
projeto de lei do PAN sobre a mesma matéria, que o CDS reconhece a relevância dos técnicos auxiliares de
saúde na prestação de cuidados de saúde aos utentes. Estes profissionais lidam, diariamente, com milhares de
utentes e o seu profissionalismo e humanidade nos cuidados que prestam são, sem dúvida, determinantes.
Entendemos que a pretensão da regulamentação desta profissão se reveste não só de elevada pertinência como
de elementar justiça.
Mas o Governo não tem dado ouvidos as estas reivindicações e, prova disso, são as várias manifestações e
greves destes profissionais de saúde a que temos vindo a assistir.
Os técnicos auxiliares de saúde têm sido injustiçados ao longo dos anos e continuam sem uma carreira
própria devidamente regulamentada.
Relembramos, ainda, que estamos a falar de profissionais de saúde que, todos os dias, integrados em
equipas, lidam com milhares de utentes. Estes profissionais são essenciais ao bom funcionamento das unidades
de saúde, sejam elas hospitalares, sejam no âmbito dos cuidados de saúde primários, sejam nos cuidados
continuados ou paliativos. Em todos os tipos de cuidados, as funções que desempenham, nas equipas de
profissionais de saúde que integram, são cruciais e não devem ser negativamente discriminadas, que é, aliás,
o que tem vindo a acontecer.
Os técnicos auxiliares de saúde exercem as suas funções com um grande desgaste, uma vez que as suas
justas expectativas não têm vindo a ser cumpridas.
Acresce que, para dar resposta às necessidades, com a passagem para as 35 horas de trabalho semanal,
deveriam ter sido contratados, segundo o Sindicato Independente dos Técnicos Auxiliares de Saúde, mais 3500
profissionais, o que não veio a acontecer.
Relativamente ao projeto de lei que o Bloco de Esquerda aqui nos traz, levantam-se, tal como tinha
acontecido com o projeto do PAN, algumas dúvidas quanto à forma. Nesse sentido, entendemos que também
ele carece de ser trabalhado e aperfeiçoado em sede de especialidade. E repetimos que entendemos que um
processo de discussão pública será essencial, pois poderá ser determinante para o resultado final deste
processo legislativo.
Quanto ao outro projeto de lei apresentado também pelo Bloco de Esquerda, relativo à carta para a
participação pública em saúde, matéria também já aqui discutida no passado mês de fevereiro, a propósito de
uma petição sobre a mesma matéria, o CDS mantém igualmente a sua posição e reitera o que aqui já disse.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada, tem de terminar.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Vou concluir, Sr. Presidente. Entendemos que essa é uma matéria de
grande pertinência e relevância. A participação pública é, a nosso ver, determinante e, para isso, é essencial
apostar e investir na literacia em saúde.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada, não me obrigue a tirar-lhe a palavra.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Teremos oportunidade, espero, de discutir esta proposta em sede de
especialidade, até porque o projeto de lei de bases da saúde que o CDS apresentou já verte muito sobre estas
matérias, que, pelos vistos, não foram contempladas nas iniciativas que o Bloco de Esquerda hoje apresenta.
Aplausos do CDS-PP.