I SÉRIE — NÚMERO 63
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A comunicação da Comissão Europeia de janeiro deste ano, que abre a porta ao fim da regra da unanimidade
na criação de impostos, devia ter sido logo rechaçada por Portugal. Ao contrário, o Governo do Partido Socialista,
nas costas do Parlamento, nas costas dos portugueses, apoiou e valorizou esta ideia, que é desastrosa para a
defesa dos interesses de Portugal.
Portugal não pode nem deve abdicar, voluntariamente, da capacidade de utilizar o sistema fiscal para ser
mais competitivo, para atrair mais investimento, para fixar e criar emprego ou para decidir como deve ser feita a
remuneração desse emprego.
Aplausos do CDS-PP.
Isso seria, repito, um erro colossal.
Admitir que outros Estados, contra a vontade soberana da nação, pudessem criar impostos sobre, por
exemplo, o mar, o que nos penalizaria muito mais a nós do que a outros, é inaceitável!
Por isso, apresentamos hoje este projeto.
Os parlamentos modernos foram criados para limitar a capacidade de os governos decidirem sozinhos sobre
a criação de impostos — não a impostos sem representação!
Esta é uma matéria em que o Parlamento, em nome do povo e em sua representação, é soberano, e é o
único soberano.
Por isso mesmo, o Parlamento pode e deve, já hoje, terminar este devaneio.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — A União Europeia atravessa hoje uma crise e tem à sua frente muitos
desafios. Certamente, o que temos de fazer não é dedicarmo-nos à criação de mais impostos, nomeadamente
num País que já tem a carga fiscal ao nível mais elevado.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Uma última nota política para dizer que a postura do Governo neste
processo é inaceitável. Ir a Bruxelas vincular o Estado português a uma decisão que cabe ao Parlamento é, nas
costas do Parlamento, nas costas dos portugueses, decidir sobre um interesse que é um interesse vital da nação
portuguesa. Essa falta de respeito pelo Parlamento pode e deve terminar hoje, com a aprovação dos projetos
de resolução que estão hoje, aqui, em discussão.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Muito obrigado pela sua contenção, Sr. Deputado Pedro Mota
Soares.
Para apresentar a iniciativa do Partido Social Democrata, tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Duarte
Marques.
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PSD tomou a iniciativa de
apresentar um projeto de resolução nesta matéria para garantir que o acordo que o PSD e o Partido Socialista
assinaram era cumprido.
O PSD e o Partido Socialista assinaram um acordo que tinha dois grandes objetivos. O primeiro era garantir
que Portugal, na negociação do próximo quadro financeiro plurianual, mantinha exatamente as mesmas verbas
do PT2020. Ora, o ex-Ministro Pedro Marques, agora candidato do Partido Socialista nas eleições europeias,
começou a violar esse acordo quando não conseguiu manter o valor do quadro anterior. O pior Ministro que
passou por este Governo começou a violar esse acordo.
E agora temos a questão das taxas europeias sobre transações financeiras, sobre o mercado digital e sobre
as questões ambientais. A outra cláusula que o PSD colocou como linha vermelha nesse acordo foi a de que
nenhuma taxa, nenhum imposto pudesse ser criado pelos Estados-Membros sem que se mantivesse a
unanimidade no Conselho e no ECOFIN, protegendo-se, assim, a soberania nacional. Ora, isso também está a
ser violado, quando Mário Centeno, quando este Governo decidiu apoiar a iniciativa de Moscovici — quiçá num
agradecimento pelas várias benesses que tem dado, no discurso, a este Governo, contrariando relatórios da