16 DE MARÇO DE 2019
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O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada, 3 minutos são 3 minutos, não são 4.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz, do PCP.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estão hoje em discussão dois projetos,
um relativo à criação da carreira de técnicos auxiliares de saúde e outro sobre a carta para a participação pública
em saúde.
Sobre o primeiro, começamos por reconhecer a enorme importância do trabalho dos auxiliares de ação
médica para a prestação de cuidados de saúde de qualidade e em segurança aos utentes do SNS.
Apesar desta importância, este trabalhadores não possuem uma carreira, muito embora a reclamem e lutem
por ela há vários anos, reivindicação que saudamos e acompanhamos.
Sobre a criação da carreira, o PCP considera que esta é uma discussão que deve ser feita em sede de
negociação coletiva entre os representantes dos trabalhadores e o Governo. Pode e deve ser discutida na
Assembleia da República, mas reafirmamos, mais uma vez, que não se pode dispensar — antes pelo contrário,
exige-se — que seja feita em negociação coletiva.
Reconhecemos a importância das carreiras na Administração Pública e no Serviço Nacional de Saúde. Aliás,
foram as carreiras que permitiram os progressos e os desenvolvimentos do próprio Serviço Nacional de Saúde,
e o PCP já entregou na Assembleia da República um projeto de resolução que recomenda ao Governo a
reposição, criação e valorização das carreiras da Administração Pública.
No que tange à iniciativa para aprovação da carta para a participação pública em saúde, o PCP não pode
acompanhá-la, na medida em que implicaria o fim da atividade de um número muito significativo e expressivo
de comissões de utentes do Serviço Nacional de Saúde e dos serviços públicos, os quais têm, ao longo dos
anos, desenvolvido tão relevante papel em defesa dos direitos dos utentes e, também, da sua participação
nesses serviços públicos.
O PCP valoriza a intervenção e a participação das populações, dos utentes e dos doentes. Aliás, esse
princípio está muito bem plasmado no nosso projeto de lei de bases da saúde. Nessa iniciativa, propomos a
participação nos órgãos consultivos das entidades prestadoras de cuidados de saúde do Serviço Nacional de
Saúde; ao contrário, a iniciativa agora em discussão institucionaliza a participação e, por essa via, cria
obstáculos à livre participação e ao envolvimento dos utentes.
Como já dissemos, a realidade mostra que as comissões dos utentes têm desempenhado um papel muito
importante na defesa dos direitos à saúde e do Serviço Nacional de Saúde. É esse o caminho que deve ser
prosseguido, é esse o caminho que o PCP continuará a defender.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Muito obrigado, Sr. ª Deputada Carla Cruz, também pela sua
contenção no uso do tempo.
Tem a palavra, agora, o Sr. Deputado Miguel Santos, do PSD.
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os diplomas que discutimos, ambos
da iniciativa do Bloco de Esquerda, versam, um, sobre o direito de participação dos cidadãos nas execução das
políticas de saúde e, outro, sobre a regulamentação da carreira dos técnicos auxiliares de saúde.
Começarei por referir-me ao primeiro projeto de lei, que pretende aprovar uma carta para a participação
pública em saúde.
O Bloco de Esquerda propõe-se incentivar a participação pública dos cidadãos nas decisões no âmbito do
setor da saúde. Para esse efeito, o projeto de lei estabelece um conjunto de orientações que os processos
participativos em saúde devem respeitar, bem como as formas de operacionalização da referida participação.
O PSD sempre defendeu o reforço da participação das pessoas e da comunidade na definição, no
acompanhamento e na avaliação das políticas de saúde, bem como no planeamento e controlo do
funcionamento dos serviços. Consideramos fundamental que os cidadãos possam participar na defesa dos seus
direitos e interesses junto dos serviços de saúde e do próprio Ministério da Saúde. Para esse efeito, o PSD