I SÉRIE — NÚMERO 63
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A proposta do CDS e do PSD, propondo a manutenção do princípio da unanimidade, fica aquém do
necessário. É preciso ir mais longe, como propõe o PCP, revogando, nos tratados, todas as normas que atribuem
à União Europeia competências em matéria fiscal.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Muito obrigado, Sr. Deputado, gosto da disciplina do PCP, do
rigor do PCP.
Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Margarida Marques para uma intervenção, em nome do Partido
Socialista.
A Sr.ª Margarida Marques (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os projetos do PSD e do CDS
que estão hoje em debate, permitam-me que o diga, são pura manipulação.
Ao CDS, serve a sua bandeira de campanha. Passou de eurocético a «eurocalmo» — a expressão não é
minha! —, mas não sabemos se, mais uma vez, se vai reposicionar sobre as questões europeias.
Quanto ao PSD, pretende que este espaço não seja disputado apenas pelo CDS.
Portanto, estamos aqui a debater dois projetos de resolução que são um não-problema. Passo a explicar: o
limite da regra da unanimidade resulta da audição do Comissário Pierre Moscovici, no Parlamento Europeu, em
2014.
Não me lembro de o CDS ou o PSD terem manifestado alguma contrariedade na audição do Comissário
Moscovici, em 2014. Talvez o Sr. Deputado Nuno Melo não tenha tido oportunidade de acompanhar esse debate
no Parlamento Europeu.
Aplausos de Deputados do PS.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Ele não vai lá muito!
A Sr.ª Margarida Marques (PS): — A questão dos impostos europeus é uma falsa questão.
O primeiro aspeto a esclarecer é o de que, pura e simplesmente, não existem impostos europeus. Não
existem nem podem existir, já que a União Europeia não tem competência para cobrar impostos.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Ora essa!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Veja o tratado de instituição da União Europeia!
A Sr.ª Margarida Marques (PS): — São os Estados que cobram impostos e isso não vai mudar, nunca se
discutiu nem está em causa. Basta ver o artigo 113.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Então, veja o artigo 113.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia!
A Sr.ª Margarida Marques (PS): — A coordenação e a harmonização não implicam a existência de taxas ou
impostos europeus.
A direita tem, propositadamente, confundido várias questões porque não quer debater o que realmente está
em causa. Por essa razão, confunde duas questões bem diferentes.
A primeira questão tem a ver com o financiamento do quadro financeiro plurianual e o PSD defendeu
exatamente isto: reforçar o financiamento do quadro financeiro plurianual.
A segunda questão é a da alteração da regra da unanimidade na política fiscal. A Comissão propõe alterar a
regra da unanimidade para combater a fraude e a evasão fiscal e esta intenção tem o apoio dos socialistas.