I SÉRIE — NÚMERO 66
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O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — O PSD rejeita isso, o monopólio do mercado. Se eu quiser ser taxista
amanhã, não tenho de pagar 100 000 € por uma licença. Mais: se eu quiser ser taxista amanhã, não podem
obrigar-me a que o meu carro seja da cor do carro do meu concorrente; será da cor que eu quiser — preto e
verde, preto e vermelho ou da cor que eu muito bem entender. É isto que propomos. E chamam a isto a
liberalização do setor?
Ouvimos aqui dizer: «Quando transporto um passageiro do aeroporto, que é na Maia, para Matosinhos, a 5
km, não posso trazer ninguém!». Foi isto que as associações de táxis nos disseram, nas diferentes reuniões que
tivemos. Queremos que isso seja possível para nivelar a concorrência com quem pode, neste momento,
legalmente fazer isso sem qualquer problema. E vêm dizer que isso será o fim do setor! Não, é a defesa do
setor, Srs. Deputados, porque o fim do setor é manter o que temos.
O problema dos taxistas do Algarve não vai melhorar se tudo isto ficar igual, vai piorar. Veja-se o ritmo das
inscrições dos TVDE relativamente aos táxis.
Os senhores estão a contribuir, sim, para o fim do setor do táxi, porque estão exatamente a impedir que eles
mudem as regras e, neste momento, os taxistas lutam com regras completamente diferentes.
Protestos do Deputado do PS André Pinotes Batista.
O Sr. Deputado André Pinotes Batista podia ter-se inscrito e faria uma intervenção! Não quis, teve medo!
Mas não me quebra o raciocínio, Sr. Deputado!
Aplausos do PSD.
A verdade é que a concorrência está instalada e face ao vosso posicionamento de estaticismo, de não ver a
realidade, de não verem como o mundo mudou e de não verem que as exigências dos utilizadores que usufruem
deste serviço público é outra, vai acontecer o contrário do que os senhores estão a dizer: cada vez mais os
taxistas vão ter dificuldades, porque a concorrência tem regras diferentes, mais fáceis para o utilizador e,
sobretudo, para quem conduz, para quem trabalha. Vai continuar a acontecer que quando um táxi de Fafe for
levar um cliente a Guimarães não vai poder levar ninguém de Guimarães para Fafe, mas o TVDE vai levar um
cliente de Fafe a Guimarães e outro de Guimarães para Fafe. E os senhores batem palmas a isto e dizem que
estão a proteger o setor. Por amor de Deus! Tenham um bocadinho de rigor na leitura dos documentos!
O Sr. André Pinotes Batista (PS): — Como é que votou o TVDE, Sr. Deputado?
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Srs. Deputados, se têm tantas propostas, tantas ideias para construir,
então é simples: vamos fazer o que nunca foi feito. Vamos aprovar, na generalidade, o diploma e, na
especialidade, vamos recolher os vossos contributos. Acham que deve haver limites para as áreas
metropolitanas? Façamos isso na especialidade.
O Sr. André Pinotes Batista (PS): — Mas isso faz-se antes de apresentar uma proposta, Sr. Deputado!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — O papel está nas vossas mãos, a ação está nas vossas mãos e têm aqui
uma oportunidade de o único documento que está em condições nesta Legislatura — repito, nesta Legislatura!
— poder promover uma intervenção neste setor. Desenganem-se, Srs. Taxistas! Daqui a quatro meses, no dia
24 de julho, este Parlamento terá a sua última sessão desta Legislatura e nenhum partido pode fazer esta
promessa tardia. Nem o CDS pode transformar um projeto de resolução, onde se pedia ao Governo que fizesse
qualquer coisa, num projeto de lei.
Por isso, desenganem-se. O que os senhores querem, de facto, é não fazer nada e, sobretudo, não querem
melhorar as condições de trabalho do setor do táxi perante o novo mundo que hoje existe, o dos TVDE e a
concorrência que fazem. Não querem criar condições para que os cidadãos possam usufruir, da melhor forma
e em melhores condições, deste importante serviço público. Os senhores acham que tudo está bem. Essa é a
vossa opinião, fiquem com ela.