17 DE ABRIL DE 2019
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De facto, se o Reino Unido quer estar out da União Europeia, uma coisa é certa: Portugal quererá estar
sempre in.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado António
Filipe, do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: É difícil discordar deste projeto de resolução.
Creio que ele reflete aquilo que é óbvio, embora a pergunta que se poderia suscitar, a propósito da sua
apresentação, é se o Partido Socialista considera que é preciso recomendar ao Governo que tome medidas
relativamente à salvaguarda das relações de Portugal com os cidadãos britânicos após a saída do Reino Unido
da União Europeia. Mas creio que, evidentemente, o Governo tem consciência de que é necessário salvaguardar
essa posição e que esta recomendação nem sequer seria necessária desse ponto de vista.
É, no entanto, uma evidência que as relações com os cidadãos britânicos, os direitos dos cidadãos
portugueses residentes no Reino Unido, assim como os direitos dos cidadãos britânicos residentes em Portugal
devem ser, evidentemente, acautelados sem qualquer sobressalto após a saída do Reino Unido da União
Europeia.
Aliás, já toda a gente percebeu que as dificuldades para que a vontade soberanamente manifestada pelo
povo britânico de sair da União Europeia se concretize têm sido, em larga medida, criadas pelas próprias
instituições europeias, que têm vindo a dificultar o mais que podem o processo de saída do Reino Unido da
União Europeia.
É, porém, uma evidência que, após a concretização dessa saída, que, aliás, correspondeu a uma escolha
que foi feita pelos cidadãos britânicos e que todos temos de respeitar, há, obviamente, todo um relacionamento
que deve ser mantido. Portugal e o Reino Unido têm relações históricas antiquíssimas, para o bem, mas, muitas
vezes, para o mal. O processo de relacionamento de Portugal com a Grã-Bretanha nem sempre foi pacífico.
Houve momentos da nossa história em que houve, de facto, situações de crise muito aguda marcadas por
grandes dificuldades de relacionamento com o Reino Unido.
Mas isso faz parte da história. Aquilo que é importante é que, efetivamente, após a concretização da saída
da União Europeia — sendo uma evidência que há mais Europa para além da União Europeia e que o Reino
Unido continuará a ser um país europeu mesmo não sendo membro da União, que há mais mundo para além
da União Europeia —, Portugal não afunile as suas relações internacionais com os países que pertencem à
União Europeia, mas que tenha, de facto, uma política externa com uma visão mais alargada e que, do ponto
de vista, muito importante, do relacionamento entre os cidadãos e as empresas, sejam tomadas as medidas
necessárias para que não haja sobressaltos nessa matéria.
Essa preocupação foi expressa, já por diversas vezes, pelo PCP, nesta Assembleia. Aliás, propusemos um
conjunto de audições, que se realizaram na Comissão de Assuntos Europeus, de várias entidades e de vários
membros do Governo, precisamente no sentido de evitar dificuldades nas relações entre Portugal e o Reino
Unido, na sequência da saída deste país da União Europeia.
A preocupação é legítima e esperamos que sejam tomadas todas as medidas para que possa haver um
relacionamento pacífico, não apenas do ponto de vista bélico, mas pacífico em todos os domínios da vida, entre
Portugal, o Reino Unido e os seus cidadãos.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Carlos
Alberto Gonçalves, do Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata.
O Sr. Carlos Alberto Gonçalves (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O projeto de resolução
que estamos a discutir é debatido poucos dias depois de ter sido aprovada, nesta Câmara, uma proposta de lei
do Governo que aprovava um conjunto de medidas de contingência a aplicar na eventualidade da saída do
Reino Unido da União Europeia sem acordo.