17 DE ABRIL DE 2019
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O Sr. Luís Monteiro (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Maria Manuel Rola (BE): — … que quer responder a uma crise habitacional, quando não responde a
uma crise habitacional.
Podem, mais uma vez, chamar-lhe «Maria Albertina», mas do que estamos aqui a falar é, de facto, de uma
medida que fomenta o negócio imobiliário, que garante financiamento privado que o Estado não controla,
financiamento este que será aplicado nos maiores proveitos que estas iniciativas tiverem, tornará a economia
nacional mais dependente de oscilações internacionais e pode ainda criar uma bolha imobiliária, não garantindo
qualquer política pública para a habitação.
É disto que estamos a falar hoje: este decreto-lei não traz qualquer garantia de que estes imóveis sejam
destinados a habitação, nem a habitação com renda acessível nem a habitação de longa duração. Isto é um
facto!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr.as e Srs. Deputados, fica, assim, concluído o terceiro ponto da nossa
ordem de trabalhos.
Do quarto ponto consta a apreciação do Projeto de Resolução n.º 2039/XIII/4.ª (CDS-PP) — Recomenda ao
Governo a criação de um fundo de emergência para as alterações climáticas.
Para apresentar esta iniciativa, tem a palavra a Sr.ª Deputada Patrícia Fonseca.
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O CDS recomenda hoje ao Governo
a criação de um fundo de emergência para as alterações climáticas. Na prática, recomenda que o Governo
reserve uma verba de 30 milhões de euros do Fundo Ambiental, que nos parece ser o instrumento de
financiamento mais adequado, para fazer face a situações de emergência.
O ano de 2019 é o quarto ano consecutivo de seca. Depois de, em 2016, os agricultores terem reclamado
apoios extras — para alimentação animal ou para compensar os custos acrescidos com a rega —, apoios esses
que o Governo não deu, o CDS propôs um conjunto de medidas conjunturais de emergência que não foram
implementadas.
O ano de 2017 foi o ano trágico que todos sabemos. Por isso mesmo, propusemos, no âmbito do Orçamento
do Estado para 2018, a criação de um fundo de emergência para a seca, para dar resposta às necessidades de
abastecimento de água às populações e também para as atividades económicas, nomeadamente a agricultura.
Esta proposta foi rejeitada pelo PS, pelo Bloco de Esquerda, pelo PCP e por Os Verdes.
O ano de 2018 voltou a ser um ano de seca. As «águas de março», como dizia a cantora, vieram abafar a
discussão sobre esta seca e esta necessidade, a ponto de o Sr. Ministro do Ambiente ter dito, hoje de manhã,
que não houve seca em 2018.
Porém, o CDS não esqueceu e, por isso, voltou a apresentar a proposta, no âmbito do Orçamento do Estado
para 2019, com um objeto mais amplo, não apenas para a seca, mas para fazer face a situações de emergência
provocadas pelas alterações climáticas. A proposta voltou a ser rejeitada pelo PS, pelo Bloco de Esquerda, pelo
PCP e por Os Verdes.
Acreditando que estes quatro anos terão sido suficientes para que todos, nesta Câmara, considerem este
assunto da máxima relevância e urgência, voltamos a propor hoje a criação deste fundo de emergência para as
alterações climáticas.
Srs. Deputados, a sociedade civil já percebeu que é preciso estarmos preparados para emergências e,
inclusivamente, o conselho que fixou os critérios de indemnização das vítimas dos incêndios defendeu isto
mesmo há precisamente uma semana.
No CDS, estamos certos de que a razão esteve sempre do nosso lado, pelo que esperamos que, desta vez,
este projeto tenha o acolhimento de todas as bancadas.
Aplausos do CDS-PP.