I SÉRIE — NÚMERO 76
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Ou poderíamos lembrar uma coisa que vos retira toda a razão: o encerramento compulsivo de linhas
ferroviárias a que procederam por este País fora e a forma como prejudicaram a resposta do transporte coletivo
aos utentes. Como vê, Sr.ª Deputada, não vos podemos atribuir razão nenhuma!
Ou poderíamos lembrar a forma como procuraram privatizar o setor dos transportes, pondo-o ao serviço dos
interesses das empresas e não ao serviço dos interesses dos cidadãos.
Ou, até — veja bem, Sr.ª Deputada! —, poderíamos lembrar aquilo que afirmou o então Ministro das Finanças
Vítor Gaspar, que me parece que era do vosso Governo, Sr.ª Deputada, quando pôs a hipótese da privatização
da água, inclusivamente da Águas de Portugal.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Portanto, Sr.ª Deputada, de facto, não sei se este projeto significa
uma procura por parte do CDS de limpar alguma consciência relativamente a todas estas responsabilidades
negativas que teve, mas, Sr.ª Deputada, sinceramente, em termos de eficácia, este projeto não é nada.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Bruno Coimbra para uma
intervenção.
O Sr. Bruno Coimbra (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O tema das alterações climáticas
tem sido amplamente discutido nesta Câmara.
Todos sabemos que as alterações climáticas são um dos maiores desafios que a humanidade tem pela
frente, que estamos num contrarrelógio e que, dentro de poucos anos, aquilo que poderemos fazer será
completamente irrelevante para o resultado final desta batalha.
Todos sabemos também que Portugal é dos países mais expostos aos efeitos das alterações climáticas, aos
seus impactos e às suas consequências devastadoras.
Esta realidade sempre foi muito clara para o PSD, que sempre colocou na sua agenda e na sua ação política
quer o ambiente quer o clima.
Já na anterior Legislatura, sob governação liderada pelo PSD, Portugal assumiu um papel liderante a nível
internacional, unindo, numa única estratégia de crescimento, a economia, o ambiente e a política climática.
Foi nesse contexto, aliás, que colaborámos na preparação do Acordo de Paris. Foi também assim que
revimos o Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC), que revimos a Estratégia Nacional de
Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC) e que definimos o Quadro Estratégico para a Política Climática
(QEPiC).
Foi, aliás, com o Governo liderado pelo PSD que Portugal ascendeu em todos os rankings internacionais…
Vozes do PSD: — É verdade!
O Sr. Bruno Coimbra (PSD): — … em matéria de política climática, entrando mesmo no top 3 mundial.
Sr.as e Srs. Deputados: Hoje, o CDS apresenta-nos uma proposta que é uma retoma de uma outra proposta
que fez na discussão do Orçamento do Estado, uma proposta que tem alguma pertinência, mas que colheu, à
época, a abstenção do PSD.
O PSD absteve-se numa lógica de não sobrecarga das contas públicas, por entender que o próprio Fundo
Ambiental já tem mecanismos e formas de atender a esta prioridade.
Fizemo-lo nessa altura, como o fazemos, aliás, hoje.
Fizemos propostas, apontámos à implementação de medidas de combate às alterações climáticas e exigimos
que a gestão e distribuição do Fundo Ambiental fosse mais transparente.
Fizemo-lo nessa altura, como o fazemos hoje.
Cabe ao Sr. Ministro do Ambiente e da Transição Energética a gestão, aplicação e direcionamento do Fundo
Ambiental.