I SÉRIE — NÚMERO 78
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Protestos do PSD.
O mesmo se passa com o CDS, que apresenta um conjunto de propostas, uma parte delas que eles próprios
negavam quando estavam no Governo e outras que agora fingem esconder. Onde é que está a memória dos
600 milhões de euros de cortes nas pensões? Fazem de conta que não é nada com eles. Terá sido o PSD
apenas? Não, Sr.as e Srs. Deputados, o CDS também estava no Governo. O Sr. ex-Ministro Pedro Mota Soares,
que interveio há pouco no debate, não disse que foi ele quem propôs 600 milhões de euros de cortes nas
pensões — era a sua pasta! Foi isso e cortes nos apoios sociais — era a sua pasta!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Falso!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Esta era a governação do PSD e do CDS. Por isso, orfanados do poder,
assim continuarão, porque o nosso povo não tem saudades da vossa governação, não tem saudades dos cortes
de austeridade, do ataque que o PSD e o CDS lhe fizeram.
Portanto, na prática, vocês não estão verdadeiramente no debate, estão fora deste debate.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Srs. Ministros, Sr. Secretário de Estado, Srs. Deputados do Partido Socialista, há um debate em curso sobre
o que apresentaram. Percebemos que há uma cedência do PS ao velho PS, ao PS que ignora que a recuperação
de rendimentos foi o pilar fundamental para a recuperação da economia; ao PS que ignora que foi o aumento
dos salários, particularmente do salário mínimo, que retirou pessoas da indignidade de trabalhar e, mesmo
assim, continuar na pobreza; ao PS que ignora que uma política boa para as pessoas é uma política boa para o
País e para a economia. Por isso, esse é um PS que desiste do caminho que fizemos durante quatro anos e
que apresenta um Programa de Estabilidade que tem como objetivo, entenda-se, o superavit das contas
públicas, porque é isso que propõe para 2020, 2021, 2022: relativamente a investimento público é quase uma
razia; quanto a defesa dos serviços públicos, não é essa a prioridade, a prioridade é o superavit das contas
públicas. Dirá qualquer analista económico, destas escolhas do Governo, que é ainda mais alemão do que os
ministros alemães das Finanças!
Já agora, quero dizer que não traz a debate o que verdadeiramente é a escolha deste documento, porque
sabemos que se, para o futuro, o nosso povo pode e vai demonstrar que quer uma política que mantenha a
reposição de rendimentos, a valorização de direitos e a distribuição de riqueza, sabemos que este Programa de
Estabilidade tem uma consequência no ano de 2019: como dizia o Sr. Ministro das Finanças e o Sr. Primeiro-
Ministro, os benefícios do que foi criado pelas pessoas, que é o crescimento da economia, os benefícios desse
crescimento registado em 2008 vão direitinhos para o buraco do Novo Banco. Essa é que é a questão de fundo!
O Governo poderia ter dito: «Não! Tivemos uma folga em 2018 e agora, em 2019, poderemos ajudar mais os
serviços públicos a serem mais fortes». Mas o que é que o Governo faz? Não faz nada, que é para esconder, e
vai tudo para o Novo Banco. Essa é que é a verdadeira diferença das escolhas que temos em cima da mesa.
O Bloco de Esquerda, inequivocamente, faz uma escolha que coloca as pessoas à frente dos bancos. O
Governo e o PS fazem uma escolha que coloca novamente os bancos à frente das pessoas.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, a Mesa regista a inscrição da Sr.ª Deputada Inês
Domingues para um pedido de esclarecimento.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Inês Domingues (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado, diz que isto é tudo absurdo e errado. Mas o
Bloco de Esquerda vai ou não votar ao lado do Partido Socialista contra a rejeição do caminho e estratégia que
constam deste Programa de Estabilidade?