9 DE MAIO DE 2019
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O Sr. Presidente: — Para proferir uma declaração política, em nome do Grupo Parlamentar do PCP, tem a
palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A cinco meses de eleições legislativas,
do que o País precisa é de avançar com uma política alternativa, que faz falta para resolver os problemas
nacionais, em vez de se enredar em crises políticas criadas por calculismo eleitoral e fixações em maiorias
absolutas, na base de pretextos falsos e fomentando divisões entre trabalhadores.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — O País precisa de avançar com a reposição dos direitos cortados pela política
dos PEC (Programas de Estabilidade e Crescimento) e do pacto de agressão, precisa de avançar com a
concretização plena das medidas de reposição, defesa e conquista de direitos que estão decididas e com novas
medidas que as aprofundem.
O Sr. António Filipe (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Não foram as imposições da União Europeia nem as opções da política de
direita que nos trouxeram emprego e crescimento económico. Foram as medidas de reposição de direitos e
rendimentos e de novos avanços, tomadas contra a vontade da União Europeia e enfrentando as suas
resistências, que deram resposta aos problemas mais imediatos dos trabalhadores e do povo, fizeram crescer
a economia e o emprego e melhoraram a situação económica e social do País.
Sempre que se tomaram medidas de defesa de direitos e de resposta aos anseios dos trabalhadores e do
povo, o País avançou. Sempre que o Governo PS claudicou perante as imposições da União Europeia, sempre
que colocou as metas do défice ou as obrigações do euro à frente dos interesses nacionais, ficaram os
trabalhadores e o povo com as suas expectativas frustradas e ficou o País com problemas por resolver.
Aquilo a que assistimos nos últimos dias, a pretexto da reposição do direito à progressão na carreira dos
professores e restantes trabalhadores com carreiras especiais, é bem revelador de como PS, PSD e CDS
continuam irmanados na obediência e na submissão às imposições da União Europeia, colocando-as à frente
dos direitos dos trabalhadores e da resposta aos problemas nacionais. E é revelador também de como o povo
e o País ficam prejudicados com essa submissão a critérios impostos a partir de fora e com objetivos contrários
ao desenvolvimento do País e ao bem-estar do povo.
O Governo PS, que, ao longo do último ano e meio, entravou a reposição do direito à progressão na carreira
dos trabalhadores das carreiras especiais, veio, na sexta-feira, agigantar a dimensão orçamental das propostas
aprovadas na Comissão de Educação, para assim poder acusar PSD e CDS de porem em causa os ditames
orçamentais impostos pela Comissão Europeia, a quem aqueles três partidos se confessam.
O Sr. António Filipe (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Oliveira (PCP): — PSD e CDS, que, de quinta a sábado, defenderam as propostas aprovadas,
desmentindo os argumentos de terror orçamental lançados pelo Governo, e valorizaram, até, a sua aprovação,
apesar de não incluírem quaisquer das limitações que tinham proposto, acabaram, afinal, no domingo, a renegar
essas mesmas propostas, mais depressa do que Pedro negou Cristo.
O Sr. António Filipe (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Eh lá! Mas Pedro foi Papa!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.as e Srs. Deputados, o Governo e o PS podem, em surdina, rebolar-se de
satisfeitos com o golpe de asa com que conseguiram meter no bolso PSD e CDS, que ainda há pouco tempo
exigiam e votavam a sua demissão. O Ministro Mário Centeno pode até levar à Comissão Europeia as cabeças