14 DE MAIO DE 2019
31
uso do fogo. Entraram no quotidiano das pessoas programas como o Queimada Segura e o Floresta Segura e
materializaram-se, com grande eco, os programas Aldeia Segura e Pessoas Seguras, que chegaram a mais de
1800 aldeias, a mais de 500 freguesias e a mais de 120 concelhos.
Sr. Primeiro-Ministro, também os cerca de 20 milhões de SMS (Short Message Service) preventivos às
populações dizem tudo da seriedade com que se têm encarado os avisos e alertas para a população.
De igual forma, a profissionalização — tão importante — foi reforçada, com 141 novas equipas de intervenção
permanente (EIP) dos bombeiros voluntários e foram criados 711 postos de trabalho. Só com este Governo
gerou-se 46% da totalidade das EIP existentes!
Outros falaram, nós reforçámos e fazemos, diariamente!
Foi, ainda, executado um conjunto relevante de benefícios fiscais e sociais no setor dos bombeiros, espinha
dorsal do sistema. Estes investimentos e estes benefícios retiraram a injustiça que outros criaram nesse mesmo
sistema, Sr. Primeiro-Ministro.
Falemos, ainda, de comunicações e do SIRESP — aqui tão falado —, um problema que o Governo anterior
conhecia, mas sobre o qual nada fez. Tinha um estudo com 20 recomendações, mas apenas cumpriu duas. A
verdade é que em 2018 a sua resiliência foi duplicada com a aquisição de quatro novas estações móveis, foram
resolvidas soluções de redundância da comunicação satélite e os bombeiros têm 100% de cobertura no SIRESP
GL.
São do domínio público, e já aqui foi debatido hoje, que há problemas jurídicos e contratuais que estão em
vias de resolução pela via negocial, porque sabemos que a segurança dos portugueses será sempre uma
prioridade. Assim será!
Pergunto-lhe, Sr. Primeiro-Ministro: com esta reforma do modelo de proteção civil, que decorreu também das
recomendações da Comissão Técnica Independente, que desenvolvimentos e que passos foram dados para
que o sistema da Autoridade Nacional esteja mais robusto e mais capacitado com a nova lei orgânica e o novo
modelo territorial? O que é que podemos esperar do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios para 2019,
no que diz respeito aos meios terrestres e também na deteção aos postos nacionais de vigia, que são
fundamentais?
Sabemos que temos ainda de combater problemas estruturais e inverter fragilidades do sistema, mas a sua
melhoria e o seu reforço continuado, tal como referiu o Sr. Primeiro-Ministro, nesta Câmara, em 2017, «É a
nossa causa».
Estamos certos de que é a causa de todos nós, é também a causa de todos os portugueses.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Susana Amador, este é um tema que tem de ser
crucial para o País e do qual o País nunca se poderá distrair.
Em 2012, tive ocasião de chamar a atenção para o facto de que a reforma que tinha sido feita na proteção
civil em 2006 tinha permitido ao País reduzir significativamente as ignições e a área ardida relativamente ao que
tinha acontecido entre 1996 e 2006.
Infelizmente, o País interpretou mal os bons resultados então alcançados e foi-se distraindo relativamente ao
problema.
Em 2012, procurei chamar a atenção para essa realidade, dizendo que não deveria haver ilusões e que a
proteção da floresta passa pela sua reforma, pela prevenção estrutural que devolva resiliência à floresta, a qual
exige, necessariamente, a reestruturação fundiária. A prevenção e o combate só podem contribuir para ganhar
algum tempo para que o setor se reforme e as medidas produzam resultados.
O tempo tem corrido e o material combustível vai-se acumulando. A experiência dos parques naturais é muito
clara e trágica. A prevenção não se decreta, faz-se!
Infelizmente, em 2012 ninguém estava disponível para ouvir falar desta realidade, porque, tal como acontece
em todos os anos em que o número de ignições, a área ardida e os incêndios não ganham dimensões
dramáticas, o País vai-se distraindo da questão de fundo.