I SÉRIE — NÚMERO 86
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Creio que uma das grandes qualidades da atual solução política foi ter
surpreendido muitos, interna e externamente, com a capacidade de estabilidade que fomos capazes de
assegurar.
É dever do Governo manter uma relação leal com todos os órgãos de soberania. É a que mantemos com o
Sr. Presidente da República e é a que queremos manter, e temos mantido, com a Assembleia da República.
O Sr. Ministro das Finanças esteve aqui, em comissão, e disse, com toda a transparência, a avaliação que o
Governo fazia das condições para a adoção das medidas que estavam em debate: para defender o decreto-lei
que o Governo tinha feito, para devolver a todos os professores 2 anos, 9 meses e 18 dias, correspondentes a
70% do respetivo módulo de progressão, o mesmo que estamos em condições de garantir aos militares das
Forças Armadas e da Guarda Nacional Republicana, aos magistrados e aos oficiais de justiça, porque temos de
tratar todos por igual. E o Sr. Deputado sabe bem que temos um decreto-lei, aprovado em Conselho de Ministros,
e que aguarda promulgação pelo Sr. Presidente da República, que estende a todos estes profissionais
exatamente os mesmos direitos.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — É assim que temos de continuar, é isso que temos de cumprir, tratando todos
por igual, avançando com ambição, mas sem a temeridade de termos, um dia, de voltar a pôr em causa o que
tem de ser irreversível. O grande fator de confiança que os nossos cidadãos hoje têm é não só o de que fomos
capazes de cumprir o que prometemos, mas também o de que somos capazes de garantir que tudo o que
cumprimos é irreversível.
O Sr. Presidente: — Tem mesmo de concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou já concluir, Sr. Presidente.
Gostaria de recordar que o que constava nos programas eleitorais de todos os partidos, e consta do programa
eleitoral do Governo e das posições conjuntas que assinámos, é que haveria um descongelamento a partir de 1
de janeiro de 2018. Este descongelamento aconteceu no dia 1 de janeiro de 2018, porque temos cumprido
tudo,…
O Sr. Presidente: — Muito obrigado, Sr. Primeiro-Ministro. Tem mesmo de concluir!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … escrupulosamente, conforme acordámos.
Sr. Deputado, termino apenas com um aparte, dizendo o seguinte: não me ofende nada a referência à
cassete, porque entre as coisas que herdei também vinha uma cassete.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para formular as suas perguntas, pelo Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os
Verdes», tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, acho que vale a pena começar
por esta última questão, pois creio que o Sr. Primeiro-Ministro está a cair num equívoco: ninguém queria deixar
de tratar alguém por igual!
O Sr. Primeiro-Ministro faz sempre, permanentemente, um discurso em relação à contagem do tempo de
serviço dos professores como se alguém estivesse a querer atribuir um privilégio aos professores e não um
direito.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não, não!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Mas é isso que decorre daquilo que o Sr. Primeiro-Ministro
permanentemente diz.