16 DE MAIO DE 2019
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Portugal já registou perdas de 6,8 mil milhões de euros relacionadas com as consequências das alterações
climáticas, entre 1980 e 2013, e somente uma pequena parte foi coberta pelos seguros, segundo um relatório
divulgado pela Agência Europeia do Ambiente.
A erosão costeira já provocou significativas perdas económicas, estragos ecológicos e problemas sociais,
particularmente em Portugal, que já investiu milhões de euros na defesa e reabilitação do cordão dunar e na
proteção da frente de mar.
A próxima vaga de migrações em grande escala será, com toda a certeza, uma consequência das alterações
climáticas, motivada pela erosão, pela desertificação dos territórios e pelo empobrecimento, sobretudo, das suas
comunidades.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O relógio planetário vai-se mostrando implacável na sua marcha e os
sinais disso tornam-se, cada vez mais, impossíveis de ignorar.
Os ciclos de secas, de ondas de calor e frio, de inundações e tempestades são muito mais curtos e a escalada
dos impactos negativos na saúde e no desenvolvimento económico evidencia que não nos restam muitas mais
oportunidades.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado Renato Sampaio, não se importa que o
interrompa para pedir, outra vez, aos Srs. Deputados, que façam silêncio e que se sentem!
Srs. Deputados, importam-se de se sentar?
Pausa.
Srs. Deputados, um pouco de respeito por quem está no uso da palavra não seria pior ideia!
Pausa.
Faça favor de prosseguir, Sr. Deputado.
O Sr. Renato Sampaio (PS): — Muito obrigado, Sr. Presidente.
Os países do sul da Europa, não tenhamos dúvidas, vão ser os mais afetados com a subida dos níveis da
água do mar e com o seu avanço, conquistando territórios. Será bem mais rápido do que se julga e as mudanças
na economia serão enormes, afetando particularmente o turismo e a agricultura, e verificando-se mesmo
alterações nas espécies marinhas e até na própria vinha.
Mas existe outra dimensão do problema: o degelo nos polos, com o aquecimento global, bem como nas
zonas montanhosas, que deixarão de ter gelo, afetará o turismo de montanha.
A desertificação será uma realidade, os cursos de água secarão e o abastecimento de água para consumo
humano ficará comprometido, pondo em causa a saúde pública e propiciando o aparecimento de novas doenças.
O diagnóstico está feito, as estantes dos ministérios estão cheias de relatórios, estudos e planos. Agora, é
urgente agir! Agir com medidas curativas, mas sobretudo com ações preventivas. É nestas duas dimensões que
o Governo do Partido Socialista está comprometido, e com resultados positivos.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Portugal tem estado e continuará a estar na linha da frente no combate
às alterações climáticas e, na Europa, tem colocado sempre este tema na agenda política, como aconteceu num
dos últimos Conselhos Europeus, onde, em conjunto com mais sete países, apresentou uma proposta para que
25% dos próximos fundos comunitários sejam afetos à questão das alterações climáticas.
Portugal tem estado e continuará a estar na linha da frente no combate às alterações climáticas, como
demonstra a redução das emissões, em 9%, comparando com os 3% da média europeia, quando o crescimento
da nossa economia esteve também acima da média europeia, o que comprova que a redução de emissões não
é incompatível com o crescimento da economia.
Portugal tem estado e continuará a estar na linha da frente no combate às alterações climáticas, tendo sido
premiado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) por estar
muito à frente na produção de energia de fontes renováveis e tendo sido considerado pelas ONG (organizações
não governamentais) europeias como o segundo país europeu mais comprometido com o combate às alterações
climáticas.