I SÉRIE — NÚMERO 88
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Uma luta contra o tempo, no âmbito da qual todos temos de estar disponíveis para a adaptação que nos é
exigida.
A última cimeira mundial para as alterações climáticas endossou, nas suas conclusões, o relatório do Painel
Intergovernamental, que assume de forma clara o drama que temos diante de nós: temos apenas 12 anos para
evitar um ponto de não retorno, perdas irreparáveis na biodiversidade, fenómenos ainda mais extremos de
secas, cheias e ondas de calor, fome, pobreza e migrações forçadas para muitos mais milhões de pessoas.
O mundo clama por ação. Os portugueses, em particular os mais jovens, estão atentos, hoje, aqui, nas
nossas galerias e, há bem pouco tempo, à nossa porta, a manifestarem-se, exigindo mudanças e ação dentro
destas paredes, para que o mundo lá fora mude também para melhor.
Aplausos do PSD.
A Europa tem assumido um papel liderante neste combate e Portugal, já em 2013, com um Governo liderado
pelo PSD, viu serem implementadas políticas que lhe permitiram assumir relevância e ser reconhecido
internacionalmente como sendo daqueles que querem fazer a diferença na ação climática.
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Bruno Coimbra (PSD): — Este histórico, que permitiu atingir o desempenho forte na política climática
do País, que ainda hoje persiste, está, agora, ameaçado por insuficiências na consistência das opções políticas
governativas.
O Governo tem no Roteiro para a Neutralidade Carbónica um guião ambicioso, mas há coisas demais a não
bater certo: a execução miserável do Programa Casa Eficiente não corresponde à anunciada preocupação com
o desempenho ambiental dos edifícios e com a eficiência energética; a importância atribuída à redução da
dependência energética do País não é correspondida por uma política energética sólida e coerente; as
recorrentes situações de seca severa ou extrema não encontram, na ação governativa, soluções ou
planeamento eficaz;…
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Bruno Coimbra (PSD): — … as medidas positivas de incentivo à utilização dos transportes públicos
coletivos, tão determinantes para a redução das emissões (de que são exemplo os passes sociais), são,
infelizmente, acompanhadas de qualidade de serviço terceiro-mundista, falta de manutenção ou aquisição de
equipamentos e limitações na resposta ou número de lugares disponíveis.
Aplausos do PSD.
A disponibilidade da União Europeia para apoiar a utilização eficiente de recursos não bate certo com
execuções baixíssimas e desperdício de financiamento.
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Bruno Coimbra (PSD): — O Programa Operacional para a Sustentabilidade no Uso dos Recursos —
POSEUR — regista uma execução de apenas 22%, e mesmo os programas regionais têm taxas de execução a
variar entre os 19% e os 23%, o que demonstra bem que não é por falta de recursos financeiros à sua disposição
nem por não ter sido o próprio Governo a reprogramar os fundos que não faz mais e melhor. E não vale a pena
desconversar, como o Sr. Ministro tentou fazer, porque a execução é mesmo fraca.
Chegado ao Governo, o Partido Socialista desacelerou, preferiu muitas vezes reverter a avançar,
esquecendo que a ação governativa deve caminhar sempre no mesmo sentido das preocupações propaladas.
Preferir os anúncios ao desempenho, a propaganda à ação consequente, o desperdício de financiamento à
execução dos fundos só pode trazer maus resultados no futuro.