I SÉRIE — NÚMERO 97
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O Sr. Primeiro-Ministro: — E é por não querer votar esta norma, que afirma claramente a natureza pública
da gestão do Serviço Nacional de Saúde, que a Sr.ª Deputada quer pôr em risco o manter em vigor uma lei onde
não só não diz isto como diz o contrário, diz que é função do Estado promover o privado e promover a
concorrência entre o privado e o público.
O Sr. Presidente: — Tem mesmo de concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — É isso que a Sr.ª Deputada se prepara para fazer e, se a lei de bases chumbar,
a responsabilidade é exclusivamente sua e do seu grupo parlamentar.
Aplausos do PS e do Deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira.
O Sr. Presidente: — É a vez do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, o Sr. Primeiro-Ministro trouxe-nos, e ainda bem, o
tema do ambiente e das alterações climáticas e falar de alterações climáticas, em Portugal, significa falar de
forma particularmente exigente no que toca à sua adaptação, porque sabemos que o nosso País é dos mais
expostos, a nível mundial e europeu, naturalmente, às alterações climáticas.
Ontem sinalizou-se o Dia do Combate à Seca e Desertificação e os dois temas estão profundamente ligados.
Onde há seca o território degrada-se e as pessoas saem, procurando outros espaços.
Ora, contrariar a desertificação implica muitas políticas públicas articuladas, evidentemente, e foco
particularmente duas: primeiro, é preciso cuidar do território, encontrar formas de reter e formas de prover água,
para que não seja votado ao abandono, tal como é preciso valorizar as pessoas que ficam nesse território, que
cuidam dele, ou que a ele querem voltar e instalar-se.
No primeiro caso, estamos a falar de apoiar a agricultura, apoiar a floresta, pagar os serviços dos
ecossistemas. Aliás, tomei boa nota do que referiu e, já agora, pergunto-lhe se o Governo está ou não disponível
para que uma parte da taxa de carbono financie a floresta enquanto grande sumidouro de carbono que é.
Implica também apoiar a agricultura e pergunto-lhe se está ou não disponível para aumentar o
cofinanciamento nacional para o máximo permitido pelos regulamentos comunitários no PDR 2020 (Programa
de Desenvolvimento Rural 2014-2020) e nos fundos seguintes, mas implica ainda garantir uma política de
investimentos na água, a qual vai desde charcas a barragens, enfim, uma política pensada para este domínio,
e também ao estudo da dessalinização. O que tem o Governo a dizer sobre isto?
No segundo caso, implica olhar para as pessoas que se fixam e cuidam do território e aquelas que podem ir
para o território. Entendemos que é preciso ser disruptivo em matéria fiscal.
No CDS, defendemos — já o defendemos aqui e continuaremos a defender — que quem habita o interior do
País deve pagar metade da taxa de IRS, deve ter desconto nas portagens e nos outros custos de transporte, tal
como as empresas devem pagar apenas 10% de IRC e ter majorações em todos os apoios ao investimento.
Pergunto-lhe, Sr. Primeiro-Ministro, se está ou não disponível para negociar em Bruxelas a criação de um
verdadeiro estatuto de benefício fiscal para o interior.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, até agora, temos adotado um
conjunto de medidas de exceção e atração de investimento para as zonas de baixa densidade, que é, aliás, a
forma essencial de criar emprego e, assim, atrair e fixar população.
Foi assim que, no quadro da reprogramação do Portugal 2020, dos novos 5000 milhões de euros de apoio à
modernização empresarial, 1700 milhões de euros foram reservados para os territórios de baixa densidade. No