I SÉRIE — NÚMERO 97
30
É fundamental, neste processo de valorização do território, a implementação de uma agenda que combata a
desertificação das regiões do interior do País, que promova o emprego e o acesso a serviços públicos, como a
educação e a saúde, que crie incentivos para a fixação de jovens e de famílias nestas regiões.
Só teremos um território mais coeso económica e socialmente, mais competitivo externamente, mais
resiliente às alterações climáticas, quando tivermos um território mais equilibrado, um território mais valorizado.
Sr.as e Srs. Deputados, muito já foi feito por este Governo, quer na definição, quer na implementação de
medidas concretas de combate às assimetrias entre o litoral e o interior, mas muito ainda há a fazer.
A aprovação, na semana passada, do Plano Nacional da Política de Ordenamento do Território, PNPOT,
constituiu mais um passo fundamental neste caminho de valorização do território e de valorização do interior.
O PNPOT é um importante instrumento estratégico de gestão territorial que define as opções de
desenvolvimento e estabelece o modelo de organização nacional, que rompe com a atual lógica de litoral/interior,
que assume a diversidade territorial como um ativo fundamental.
No seu programa de ação, o PNPOT estabelece 10 compromissos que traduzem a aposta política para a
valorização do território e para o reforço das abordagens integradas de base territorial.
Com a aprovação do PNPOT, Portugal passou a dispor de um referencial estratégico para o desenvolvimento
territorial, para a programação de fundos comunitários e para definição dos grandes investimentos públicos.
O PNOT compromete-se com um País mais valorizado ambientalmente, que respeita o Acordo de Paris e
que assume a meta da neutralidade carbónica.
Quando falamos em ambiente e quando falamos em alterações climáticas, falamos em gestão territorial, pelo
que lhe queria perguntar, Sr. Primeiro-Ministro, o seguinte: de que forma o PNPOT é uma ferramenta importante
para a valorização do território, capaz de permitir ao País alcançar maior coesão territorial, ou seja, combater as
assimetrias entre o litoral e o interior? De que forma este PNPOT reflete a problemática das alterações climáticas
e as necessárias adaptações do território?
Gostaria, ainda, de deixar uma nota sobre a Lei de Bases da Saúde.
Sr. Primeiro-Ministro, o PS tem defendido que incumbe ao Estado a responsabilidade de prestar cuidados de
saúde em cooperação com o setor privado e com o setor social e não em concorrência, como a atual lei prevê.
A mesma orientação é a que defendemos no que toca à gestão das unidades de saúde. Esta é uma
responsabilidade do Estado que a deve exercer diretamente, mas, a título excecional, pode fazê-lo por contrato
com entidades privadas ou com o setor social.
A questão não é a de saber se o próximo Governo fará ou não mais PPP (parceria público-privada), mas a
de saber se uma lei de bases pode ou não proibir que se façam. Nós entendemos que não!
Sr. Primeiro-Ministro, está ou não de acordo em que essa deve ser uma solução para uma lei de bases
durável? Está ou não de acordo que, no futuro, seja qual for a proibição que a lei de bases contenha, uma
maioria parlamentar poderá, com a maior facilidade, alterar a lei de bases e celebrar novos contratos PPP?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado, uma boa política nacional de ordenamento do
território é a chave para uma boa gestão do nosso território, para a valorização dos seus recursos e também
para uma boa gestão da capacidade que temos para assegurar a neutralidade carbónica.
Nós só teremos uma economia circular se tivermos uma economia que seja capaz de gerar rendimento no
local onde os recursos existem e na aposta da sua valorização.
É por isso muito importante que este PNPOT tenha sido aprovado nesta Assembleia da República, que possa
enformar o programa nacional de infraestruturas, que deve ser uma ferramenta de execução do Programa
Nacional de Ordenamento do Território, e que possa enformar também um conjunto de outras políticas públicas,
desde logo em matéria de serviços públicos e de investimento na Investigação & Desenvolvimento.
Um dos passos mais importantes que foram dados nesta Legislatura e, porventura, menos conhecido, foi o
de, na estratégia de criação dos laboratórios colaborativos, ter havido uma aposta muito clara, por parte do Sr.
Ministro da Ciência, em dar prioridade à localização daqueles que trabalham na valorização dos recursos
endógenos nos territórios de baixa densidade. Foi assim com o de cultura de montanha, sediado em Bragança,