19 DE JUNHO DE 2019
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é assim com o de cultura de precisão, sediado no Minho, é assim com o da floresta. Isto é importante para
valorizar os recursos endógenos dessas regiões.
Só fazendo assim é que conseguimos compatibilizar, de forma positiva, a ambição, que temos de ter, de
desenvolver o País, de promover maior rendimento para as populações, e, simultaneamente, o dever, que temos
de ter, de preservar os recursos para as gerações futuras.
Este é o trabalho que temos de fazer, de uma forma integrada, na gestão do território.
Sr. Deputado, não quero deixar de comentar o que disse sobre a Lei de Bases da Saúde.
O País tem vivido, desde 1990, com uma Lei de Bases da Saúde que foi criada para provocar uma entorse
no Serviço Nacional de Saúde, que foi criada depois de o Tribunal Constitucional ter declarado inconstitucional
a tentativa de revogação do Serviço Nacional de Saúde.
Nessa altura, o PSD e o CDS, confrontados com a impossibilidade constitucional de revogarem a lei do
Serviço Nacional de Saúde, criaram uma lei de bases para procurar esvaziar, contrariando o texto constitucional.
A Constituição da República Portuguesa é muito clara: o Estado tem a responsabilidade de assegurar a
saúde aos portugueses através da criação de um serviço nacional de saúde. Aquilo que a lei de bases veio dizer
é que incumbia ao Estado também promover um setor privado que funcionasse em concorrência com o Serviço
Nacional de Saúde.
Ora, a questão essencial que está em discussão nesta lei de bases, que a Assembleia da República pode
ou não aprovar, é saber se mantemos este equívoco que vem desde 1990 ou se afirmamos, claramente, que a
responsabilidade do Estado é promover e defender um serviço nacional de saúde público, universal e
tendencialmente gratuito. Isto não significa acabar com a medicina privada ou com a função do setor social, que
devem ter uma natureza complementar, ou até supletiva. Aliás, há uma norma, já votada, creio que proposta
pelo PCP, que é a base quinta,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Base cinco!
O Sr. Primeiro-Ministro: — ou base cinco, onde se deixa, aliás, muito claro, qual é a responsabilidade
pública e qual é o papel do setor social e do setor privado.
Em meu entender, nós não podemos deixar perder esta oportunidade de termos um consenso político tão
alargado quanto possível, para repor a Lei de Bases da Saúde em consonância com a Constituição da República
Portuguesa e com o Serviço Nacional de Saúde público, universal e tendencialmente gratuito.
Devemos fazê-lo com a consciência do seguinte: uma lei de bases só tem valor reforçado se tiver uma base
política reforçada, porque senão uma lei de bases é uma lei igual às outras leis e qualquer nova maioria revogará
aquilo que aprovarmos nesta maioria.
Ora, nós não queremos uma lei de bases para fazer campanha eleitoral, nem queremos uma lei de bases
para lavar a nossa consciência de hoje.
Aplausos do PS.
Queremos uma lei de bases que seja durável nos seus princípios!
Portanto, quanto àquela que é a opção política deste Governo, não precisamos de lei de bases para não
fazer nenhuma nova PPP, porque consta do Programa do Governo, deste Governo, que não haverá nenhuma
nova PPP; não precisamos de nenhuma nova lei de bases para não renovar nenhuma PPP, quando a avaliação
é negativa; não precisamos de nenhuma nova lei de bases para não renovar uma PPP, mesmo quando a
avaliação é positiva mas o concessionário pretende alterar o contrato. Já o fizemos e já demos provas disso.
Aquela que é uma mais-valia desta lei de bases não é para este Governo, é para qualquer outro Governo
que venha a seguir. Para que isso aconteça, é necessário que essa lei de bases não só tenha um consenso
político suficientemente alargado para perdurar com esta maioria e para além desta maioria, mas também dê
sustentabilidade definitiva ao nosso Serviço Nacional de Saúde.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, queira terminar.