I SÉRIE — NÚMERO 99
6
tem sobrado para satisfazer o défice e as exigências da União Europeia. Onde tem faltado para investir nos
serviços públicos, tem sobrado nos juros agiotas da dívida. Onde tem faltado para valorizar carreiras e aumentar
salários na Administração Pública, tem sobrado para o sistema financeiro.
É inadiável a contratação de todos os profissionais em falta e está nas mãos do Governo essa solução. Ele
bem pode vir, agora, afirmar que, no seu Programa do Governo, vai prever a contratação de mais funcionários
públicos. Eles fazem falta é agora e têm feito falta ao longo destes últimos anos!
Srs. Deputados, os grupos económicos salivam, enquanto assistem de camarote à degradação dos serviços
públicos e, em particular, do Serviço Nacional de Saúde, com a oportunidade de negócio que criam a partir daí:
nos transportes, no Serviço Nacional de Saúde, na segurança social, entre outros. A degradação dos serviços
públicos serve aos privados! A degradação dos serviços públicos só não serve aos utentes e ao País!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — O que o País precisa não é de submissão e seguidismo em critérios economicistas
e de excedente orçamental. O que o País precisa é de medidas concretas e imediatas para os problemas graves
que estão colocados. Não faltou ao Governo a força dos Deputados do PCP para que se tomassem medidas.
Não faltou ao Governo a aprovação, inclusivamente nos Orçamentos do Estado,…
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Foram quatro!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — … das propostas e das iniciativas que podiam ter resolvido estes problemas.
Aquilo que tem faltado ao Governo é, infelizmente, a vontade política de os resolver. Há verbas e normas no
Orçamento do Estado que apontam nesse sentido e não há razão absolutamente nenhuma para que o Governo
ponha as metas do défice à frente das necessidades dos utentes e dos serviços públicos.
As populações, os trabalhadores e o povo valem muito mais do que as metas do défice. É de dignidade nas
suas vidas que falamos e é de soluções que precisamos.
O Sr. Ministro das Finanças pode hoje não estar aqui, mas, da parte do PCP, continuaremos, aqui e lá fora,
a lutar pela valorização dos serviços públicos, pelos direitos dos trabalhadores da Administração Pública e por
um País desenvolvido e soberano.
Cá estaremos para fazer este combate, porque este é um combate central para o desenvolvimento do País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, ainda na abertura do debate, o Governo, através da Sr.ª Secretária de
Estado da Administração e do Emprego Público, Maria de Fátima Fonseca.
A Sr.ª Secretária de Estado da Administração e do Emprego Público (Maria de Fátima Fonseca): — Sr.
Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Governo vem, hoje, prestar contas sobre os recursos humanos da
Administração Pública pela voz de vários dos seus membros. E fazemo-lo apresentando factos, porque é
inegável que este Governo tem percorrido um caminho de valorização e de capacitação da Administração
Pública para melhor servir o País, um caminho feito do cumprimento dos compromissos claros, assumidos no
seu Programa, com segurança e com equilíbrio, com opções ponderadas e tomadas em função do bom
desempenho da economia, com avaliação das capacidades do País no presente e no futuro, em diálogo social,
valorizando o papel dos representantes dos trabalhadores.
Nesta Legislatura, o Governo assumiu a recuperação de um período crítico na Administração Pública e tem
estado a cumprir, sem criar expectativas irrealistas junto dos trabalhadores, sem prometer tudo a todos, sem
prometer hoje aquilo que o passado mostrou não ser possível cumprir.
O que prometemos cumprimos: a reversão dos cortes salariais; a reposição das 35 horas; a reposição do
valor das horas extraordinárias; o descongelamento das carreiras, que já abrange mais de 400 000
trabalhadores. E conseguimos ir mais longe, procedendo à elevação da base salarial na Administração Pública
para 635 €.