I SÉRIE — NÚMERO 104
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A Sr.ª Berta Cabral (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PSD apresentou mais de meia
centena de propostas, no sentido de melhorar alguns aspetos do Relatório, de forma a conformá-lo, o mais
possível, com as diversas audições e com a documentação apresentada. Se é verdade que algumas das nossas
propostas foram incorporadas, outras há, por sinal as mais relevantes, que acabaram por não ficar no Relatório
final, numa manifesta opção política dos partidos que apoiam o Governo.
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Berta Cabral (PSD): — Para nós, não é possível afirmar com total certeza que não existiram pressões
políticas sobre a atuação da Polícia Judiciária Militar e do Exército, muito particularmente sobre o General
Rovisco Duarte.
Também não podemos pactuar com o facto de um Relatório, aprovado, como já se viu, pela maioria que
apoia o Governo, branquear a atuação do ex-Ministro Azeredo Lopes e do Primeiro-Ministro António Costa,
quando proferiram declarações contraditórias sobre como e quando tiveram conhecimento do conteúdo do
memorando entregue pelo Diretor da Polícia Judiciária Militar e pelo Major Vasco Brazão ao Chefe de Gabinete
do Ministro da Defesa Nacional, em 20 de outubro de 2017, uma peça fundamental em todo este processo.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Berta Cabral (PSD): — O ex-Ministro da Defesa Nacional Azeredo Lopes soube, desde essa data,
desde o dia 20 de outubro de 2017, que a investigação que a Polícia Judiciária Militar estava a fazer era uma
investigação paralela e soube também da operação encenada para a recuperação do material furtado em
Tancos, quer através do conteúdo desse documento que referi, quer através do telefonema da Procuradora-
Geral da República Joana Marques Vidal.
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Berta Cabral (PSD): — Também não se pode afirmar com total certeza, como faz o Relatório, que o
Primeiro-Ministro apenas teve conhecimento da atuação da Polícia Judiciária Militar no dia 12 de outubro de
2018, ou seja, um ano depois: primeiro, porque há diferentes declarações do Primeiro-Ministro sobre esta
matéria; segundo, porque não é normal que um Ministro omita ao Primeiro-Ministro, durante um ano, uma
informação com esta importância e esta gravidade; terceiro, porque não é admissível que o Primeiro-Ministro
nunca tenha questionado o Ministro da Defesa Nacional sobre o processo de Tancos, ao longo desse ano que
decorreu entre o documento e a demissão do Ministro.
Aplausos do PSD.
Por fim, é para nós absolutamente incompreensível que uma Comissão que tinha por objeto encontrar as
responsabilidades políticas no furto ocorrido em Tancos acabe por concluir que as mesmas não existiram,
quando o Ministro da Defesa e o Chefe do Estado-Maior da altura se demitiram exatamente na sequência desse
processo.
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Exatamente!
A Sr.ª Berta Cabral (PSD): — Pergunto: se isto não são consequências políticas, então, o que é isto?!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Muito bem!
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente José de Matos Correia.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, tem de terminar.