4 DE JULHO DE 2019
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O Sr. Jorge Costa (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Julgo que as intervenções agora ouvidas
nos mostram como foi e como terminou a Comissão de Inquérito às rendas da energia.
Protestos do Deputado do PSD Duarte Marques.
Para o PSD e o CDS, rendas excessivas existiram, sim, mas foram integralmente corrigidas e hoje temos um
sistema elétrico nacional expurgado de qualquer distorção e de qualquer privilégio para as empresas que o
exploram.
Para o Partido Socialista, as alterações legislativas que o Relatório propõe são justas, mas podem não vir a
ter acolhimento. Aqui, queria muito claramente enunciar a questão principal que resulta das conclusões e das
recomendações desta Comissão de Inquérito: o mandato que todos temos para, na próxima Legislatura,
responder às conclusões que tirámos e seguir as recomendações que todos aprovámos, no sentido de corrigir
as rendas que permanecem e as que ainda estão para ser cobradas, nomeadamente aquelas que o PSD e o
CDS, no anterior Governo, estabeleceram, com a extensão dos preços garantidos aos produtores eólicos.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Jorge Costa (BE): — Para corrigir essas distorções, para podermos responder a quem vive na pobreza
energética e baixar a fatura elétrica, para podermos dizer que nesta economia há justiça e não há privilégio,
temos de ter a coragem de fazer as alterações legislativas — sim, alterações legislativas — que permitam que
estes rendimentos possam ser corrigidos e levados à razoabilidade,…
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Já fizeram alguma?!
O Sr. Jorge Costa (BE): — … terminando o escândalo das remunerações e das taxas de rentabilidade
estratosféricas que hoje existem no setor elétrico.
Se as medidas que aprovámos, Srs. Deputados do Partido Socialista — e do Partido Comunista, mas julgo
que aqui temos um acordo maior —, se as recomendações que aprovámos forem, efetivamente, levadas à
prática, o que podemos ter é a recuperação de mais de 750 milhões de euros que foram indevidamente pagos,
no passado, e estamos de acordo que foram indevidamente pagos pelos consumidores.
Se as recomendações que aprovámos forem, efetivamente, levadas à prática e forem feitas as alterações
legislativas necessárias, poderemos evitar 200 milhões de euros por ano de custos futuros nas tarifas, que
também são indevidos, e estamos de acordo que são indevidos.
Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, o trabalho aturado, profundo, que fizemos, e que fizemos bem, enquanto
interrogámos as pessoas que passaram pela Comissão de Inquérito, enquanto ouvimos os seus depoimentos,
e todos os partidos deram um contributo válido para o apuramento dos factos, esse trabalho, infelizmente, no
momento conclusivo, viu o PSD e o CDS debandarem, para repetirem, ipsis verbis, as acusações que a EDP
fazia em comunicados públicos à parcialidade, à falta de rigor, à agenda política, às obsessões do Relator.
Todos os chavões da EDP foram repetidos,…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Todos do mesmo sítio!
O Sr. Jorge Costa (BE): — … a cada palavra, pelos Grupos Parlamentares do PSD e do CDS.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Traga o estudo da Universidade de Cambridge!
O Sr. Jorge Costa (BE): — Sabemos que não contamos convosco, mas é o mandato dos grupos
parlamentares que se comprometeram com as conclusões e recomendações deste Relatório, dar-lhes
sequência prática para corrigir as rendas excessivas que hoje estão na fatura, que hoje estão a ser cobradas
aos consumidores e que virão a ser cobradas ainda se nada fizermos para as evitar.
O Sr. Duarte Marques (PSD): — E o que fizeram?! É só blá, blá, blá….!