I SÉRIE — NÚMERO 60
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Este é o momento de promover uma fiscalidade verde que, por um lado, contribua para o financiamento dos
investimentos necessários para a defesa e conservação do ambiente e, por outro, que motive e estimule o
mercado para operações mais eficientes, penalizando as práticas menos eficientes e valorizando aqueles que
investem para contribuir para um futuro mais sustentável.
Este é o momento de garantir equidade e justiça territorial na atribuição dos fundos da União Europeia,
priorizando investimentos em infraestruturas que catalisam a descarbonização de todos os setores da economia,
como a energia eólica e solar, a eficiência energética, a mobilidade e a agricultura sustentáveis ou, ainda, que
permitam remunerar adequadamente os serviços ambientais dos ecossistemas, a proteção e conservação da
biodiversidade e a ocupação e manutenção dos espaços naturais. Tudo isto trará o estímulo económico
sustentável a longo prazo, tornando as nossas sociedades resistentes a sobressaltos futuros.
O mundo prepara-se para esta mudança de paradigma. Portugal, que já liderou no combate às alterações
climáticas, tem agora a oportunidade de voltar a liderar, na Europa, esta mudança. Para isso, é necessário o
compromisso de todos.
O Sr. Presidente: — Peço que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Vou concluir, Sr. Presidente.
A exigência dos desafios que temos pela frente não pode ser inferior à coragem de que precisamos para
agir. Não podemos falhar — por nós e pelas gerações vindouras.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — É agora a vez do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda. Tem a palavra o Sr.
Deputado Jorge Costa.
O Sr. Jorge Costa (BE): — Sr. Presidente, a crise climática continua a ser o pano de fundo da nossa vida
coletiva e a crise da COVID, a crise económico-social aberta pela pandemia, ocorre precisamente sob este pano
de fundo.
Portanto, a resposta à crise e a concretização de um programa de urgência económica e social têm de passar
pelas políticas de resposta às alterações climáticas e elas são potentes e têm um enorme potencial no que diz
respeito à criação de emprego.
Queria, nestes 3 minutos de que disponho, aproveitar para trazer ao debate duas propostas que o Bloco de
Esquerda tem formulado e que, neste contexto, o da resposta do programa de emergência à crise económica e
social, podem ser muito relevantes.
Uma é a questão da produção de energia solar descentralizada, baseada no autoconsumo partilhado. O atual
enquadramento legal do autoconsumo tem sido penalizador para os consumidores domésticos, com consumos
de energia pouco significativos nas horas de sol, levando a uma difusão muito residual destes sistemas de
autoconsumo no nosso País. O vínculo do contador de produção a um contador de consumo não permite, por
exemplo, que vizinhos se juntem para comprar um mesmo painel fotovoltaico para o autoconsumo partilhado.
Aliado à falta de capacidade de investimento das famílias, agravada agora no contexto da crise COVID, este é
o principal bloqueio à adoção de uma produção elétrica solar mais difundida em edifícios habitacionais e
condomínios. Esta circunstância e esta dificuldade virá a manter-se, se nada for feito, no quadro da crise COVID,
porque a situação económica das famílias só tem tendência a ser mais difícil.
É necessário, então, criar instrumentos legais que permitam agregar consumos e possibilitar a partilha de
produção solar fotovoltaica, para que esta tecnologia se torne rentável no setor doméstico. Ao mesmo tempo, é
urgente um plano para a produção solar fotovoltaica para autoconsumo, em que o Estado desenvolva esta
tecnologia nos edifícios públicos, organize uma rede de instaladores e projetistas e partilhe esses investimentos
com as famílias.
Este plano permite avançar para a produção de energia solar fotovoltaica, com o objetivo de aumentar a
capacidade instalada em 2 GW até 2030, metade destes até 2025. Isso seria acelerar as metas, que são hoje
constantes, do Plano Nacional Energia e Clima, devendo assentar no lançamento de concursos regionais para
a instalação de sistemas fotovoltaicos em edifícios públicos,…