17 DE SETEMBRO DE 2020
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A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — É isto que a Sr.ª Deputada acha que é prestar um bom serviço aos cidadãos?
Sr.ª Deputada, se a sua preocupação fosse, de facto, dar este bom serviço a quem precisa de cuidados de
saúde, não tinha como não compreender…
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada, chamo a sua atenção para o tempo.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente. Não há como não compreender que o setor social e o setor privado têm de fazer parte da equação, e não é
para alimentar financeiramente esses setores, é para dar resposta às pessoas. Mas, claramente, Sr.ª Deputada,
sei que, para isso, não posso contar com o PCP. Quando se trata de ajudar as pessoas, em vez de decalcar um
qualquer modelo que não serve a ninguém, não podemos contar com o PCP.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra, para um pedido de esclarecimento, o Sr. Deputado José Luís Ferreira, do PEV.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, começo por saudar a Sr.ª Deputada Paula Santos por nos ter trazido um assunto tão importante e sempre tão atual como é a situação do SNS.
De facto, o Serviço Nacional de Saúde tem-se mostrado, ao longo do tempo, absolutamente determinante
para cumprir um direito constitucionalmente consagrado, que é o direito à saúde. Mesmo aqueles que olharam
sempre de lado para o SNS reconhecem agora — ainda que, se calhar, contrariados — a sua importância e o
seu contributo decisivo na resposta a uma crise de saúde pública com a dimensão e a gravidade da que estamos
a viver.
Como pudemos constatar, aliás, sem surpresa, pelo menos para nós, não foi o setor privado, guiado pela
lógica de lucro, que prestou as respostas necessárias. O pilar da emergência das ações que se impuseram e
que se continuam a impor foi e é o Serviço Nacional de Saúde e os seus profissionais. O maior respeito que se
pode prestar a estes profissionais é não ignorar as dificuldades com que se confrontam nesta pandemia, muitas
das quais, aliás, são vividas há muitos anos no seu trabalho diário no SNS.
Como sabemos, e como a Sr.ª Deputada referiu da tribuna, o SNS tem sido alvo de um subfinanciamento
estrutural, mas também marcado pelo encerramento de unidades de saúde de proximidade, pela degradação
das instalações, pela carência de médicos de família e de outras especialidades, pela insuficiência de um
número significativo de enfermeiros, pelo número diminuto dos mais diversos técnicos, entre tantas outras
questões.
Naturalmente, estas situações refletem-se na celeridade da resposta que é dada aos cidadãos, que se
confrontam, tantas vezes, com enormes listas de espera. Por isso, também consideramos que é imprescindível
dotar o SNS de mais profissionais e de mais meios para que esses profissionais possam atuar em segurança e
para que os cidadãos possam obter as respostas de que necessitam no âmbito do seu direito ao acesso aos
cuidados de saúde.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr. Deputado, chamo a sua atenção para o tempo.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — É muito fácil apoiar Governos que encerram serviços e cortam no Serviço Nacional de Saúde e, depois, vir para aqui dizer que o Serviço Nacional de Saúde não dá resposta.
O que nos parece, Sr.ª Deputada, é que, não havendo um reforço do Serviço Nacional de Saúde, este terá
muitas dificuldades em dar resposta ao acesso aos cuidados de saúde por parte dos portugueses no futuro.
Pergunto-lhe se partilha ou não desta opinião.
Aplausos do Deputado do PCP Bruno Dias.