24 DE SETEMBRO DE 2020
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possível ir ao encontro das necessidades dos trabalhadores, do povo e do País sem uma rotura com a política
que nos colocou nesta situação.
Portugal deve bater-se para que os fundos comunitários que venham a ser disponibilizados sejam
integrados numa estratégia nacional de desenvolvimento. Devem ser as prioridades nacionais, e não as
imposições da União Europeia, que devem determinar para onde vão os fundos comunitários. Esses fundos
devem responder às prioridades e necessidades do País em vez de serem desviados para os grupos
económicos, como aconteceu no passado.
Quanto à questão dos salários, aqui tão bem descrita pelo Sr. Deputado Rui Rio, que disse que vai perder
votos, que não ganha nenhum, diria: ai não que não ganha, particularmente do grande capital que está à
espera dessas verbas para encher os bolsos à custa dos trabalhadores,…
Aplausos do PCP e do PEV.
… como aconteceu no passado, secundarizando milhares de micro, pequenas e médias empresas que têm
sob a cabeça o cutelo da falência.
Como já tivemos oportunidade de afirmar, há três questões que consideramos centrais.
Primeira: para haver recuperação económica é preciso uma política de valorização dos salários e dos
direitos dos trabalhadores e dos rendimentos das camadas populares;
Segunda: para dinamizar a economia é preciso recuperar o controlo público de empresas e setores
estratégicos;
Terceira: é preciso uma política decidida de criação de emprego, a partir da valorização dos setores
produtivos e da produção nacional, mas também reforçando o emprego público, em particular com o
investimento nos serviços públicos, na saúde, na educação, na segurança social e em tantas outras áreas
onde há necessidades e dificuldades.
Na proposta apresentada pelo Governo não encontramos resposta a estas questões. Em muitos aspetos, o
plano que o Governo apresenta mantém as opções e orientações da política que fragilizou, ao longo dos anos,
o nosso País.
Sr. Primeiro-Ministro, o desenvolvimento do País e a resposta à crise exigem o aumento dos salários,
designadamente do salário mínimo nacional, exigem a valorização dos direitos dos trabalhadores, exigem o
combate à desregulação dos horários de trabalho. É que a vida destes últimos anos demonstrou como prova
irrefutável que a valorização dos salários é uma bela contribuição para o desenvolvimento económico e,
simultaneamente, para a progressão do próprio mercado interno.
Aplausos do Deputado do PCP João Oliveira.
Estas opções têm de traduzir-se, de forma concreta, no fim dos cortes salariais e na proibição dos
despedimentos, haja ou não haja lucros. Têm de traduzir-se no aumento geral dos salários, incluindo o salário
mínimo e os salários dos trabalhadores da Administração Pública, no pagamento do subsídio de risco,
penosidade e insalubridade. Têm de traduzir-se na revogação dos bancos de horas e era importante saber se
o Governo vai tomar medidas para que isto se concretize.
Em relação à recuperação do controlo público de setores estratégicos, há medidas urgentes que têm de ser
tomadas.
Falamos, entre outras, da recuperação do controlo dos CTT - Correios de Portugal, cujo contrato de concessão termina no final do ano; da recuperação do controlo público do Novo Banco, que é preciso pôr ao
serviço do País e da economia nacional; da garantia do futuro da TAP (Transportes Aéreos Portugueses) ou
da recuperação do controlo dos aeroportos nacionais, inclusivamente para desbloquear a construção do futuro
aeroporto.
Que opções vai o Governo tomar? E em relação ao emprego e aos serviços públicos?
É preciso criar emprego canalizando investimento para os setores produtivos e a produção nacional,
criando riqueza e postos de trabalho a partir das potencialidades produtivas que temos no País e cujo
aproveitamento só depende de decisão nacional.