I SÉRIE — NÚMERO 4
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Os serviços públicos, que têm dado uma resposta inestimável às necessidades do povo nestes tempos
difíceis, precisam de investimento, de trabalhadores e de condições que lhes permitam cumprir plenamente o
papel insubstituível que têm na vida dos seus utentes.
Na saúde é preciso investimento em edifícios e em equipamentos, é preciso reforçar os profissionais, é
preciso recuperar a atividade programada dos hospitais mas também dos centros de saúde, garantindo que os
utentes não ficam à espera à chuva e ao frio, amontoados à porta.
Também na escola pública é preciso contratar os profissionais que fazem falta e garantir às escolas os
meios e condições necessários para que a educação possa cumprir os seus objetivos de justiça social.
Não faltam só 1500 auxiliares nas nossas escolas, faltarão mais perto de 5000, e é preciso que sejam
contratados e integrados devidamente na vida das escolas, com perspetiva de longo prazo e não apenas por
um período ou um ano letivo.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O mesmo em relação a professores e técnicos, a quem é preciso dar condições de trabalho que garantam a segurança, a tranquilidade e a confiança necessárias às funções que
exercem.
O reforço das verbas e medidas da ação social escolar são um outro aspeto indispensável na garantia de
igualdade no acesso à educação.
Em matéria de proteção social é fundamental garantir agora os apoios a quem perdeu o emprego, o salário
ou caiu numa situação de pobreza ou de exclusão social.
É preciso avançar na criação de uma rede pública de lares de idosos e na contratação de trabalhadores
pela segurança social para reforço dos equipamentos sociais, de forma a garantir condições adequadas de
resposta, seja nos lares, nas creches e jardins de infância, nas instituições dedicadas às pessoas com
deficiência ou outras.
É preciso investir no alargamento da gratuitidade das creches, na criação de uma rede pública nos
transportes, na habitação, nas forças e serviços de segurança, na justiça e em tantas outras áreas. O
investimento público e a contratação de trabalhadores são opções que têm de ser tomadas em função das
necessidades do povo e do País, mesmo que contra os ventos e marés das regras do défice impostas pela
União Europeia.
Está ou não o Governo disposto a tomar essas opções?
A resposta a essa questão tem de ser dada com medidas e ação concreta, não se pode ficar por
compromissos abstratos de concretização sempre duvidosa e muito menos com pressões e ameaças de crise
política.
Por nós, daremos a nossa contribuição com propostas concretas que tenham como referência e objetivo
melhorar as condições de vida de todos os portugueses.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — É a vez do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda. Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Este é um debate que tem duas particularidades, sendo a primeira a que marca o fim dos debates quinzenais. Estamos agora num modelo em
que o PS e o PSD se associaram para diminuir o escrutínio ao Governo e, em vez de termos pergunta-
resposta sobre temas da atualidade, temos uma série de intervenções sobre um tema pré-definido.
Ora, o tema pré-definido, neste caso, é debater as linhas gerais de um programa para utilizar eventuais
dinheiros europeus, que ainda não se sabe se teremos ou não, porque, como sabem, os conselhos europeus
têm vindo sempre a adiar as decisões.
Por isso mesmo, Sr. Presidente, sem o Bloco de Esquerda deixar, ainda neste debate, de falar sobre esse
plano, que é também importante, eu vou, neste momento, dedicar-me às urgências do País.