15 DE OUTUBRO DE 2020
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A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Não vão agora!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É estranho que sobre matérias fundamentais, como o Estado social, desde a escola pública até ao Serviço Nacional de Saúde, nada tenhamos visto da parte do CDS, mas
sabemos porquê. É que a pretensão do CDS era privatizar o SNS.
Sabemos como estaríamos, no período pandémico, se estivéssemos dependentes de um SNS emagrecido,
privatizado, com os privados a fecharem as portas e as pessoas sem saberem onde ir. Sabemos que essa era
a pretensão do CDS e, por isso, está tão fora deste jogo nas soluções para o País que — percebemos! — não
toca no que é fundamental para dar resposta à pandemia.
Sr. Deputado João Oliveira, creio que na intervenção que fez demonstrou que há uma preocupação, que
partilhamos, sobre a resposta que este Orçamento do Estado deve dar num período especial.
Não é um Orçamento igual aos outros e o período a que está a responder não é igual aos outros. Por isso,
ou temos coragem de responder, neste momento, e não deixar alastrar a crise económica e social, ou a
consequência disso é estarmos a prometer às pessoas que as estamos a proteger sabendo, na verdade, que
as vamos deixar desprotegidas.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — E é essa a nossa consciência, com esta proposta de Orçamento do Estado, apresentada pelo Governo.
Da parte do Bloco de Esquerda, a nossa posição está clara; ela é pública, não é de intransigência, até é de
abertura para podermos rever os pontos de divergência, assim haja vontade do Governo para ir ao
fundamental na resposta à vida das pessoas.
Pergunto-lhe, Sr. Deputado, se acha que este Orçamento — e é uma resposta a que teremos acesso nos
próximos dias —, de facto, não faz promessas falsas às pessoas, porque essa será a pergunta a que cada um
e cada uma de nós terá de responder no dia em que o votar.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, do PAN.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, da parte do PAN, temos defendido a renegociação dos acordos do Novo Banco porque nos parece ser aquilo
que, efetivamente, poderá evitar esta sangria de dinheiro dos contribuintes para o que é um poço sem fundo.
Assim, em primeiro lugar, e tendo em conta a posição que o Bloco de Esquerda tem assumido nesta fase
negocial com o Governo, gostaríamos de saber em que pé fica a questão da renegociação dos contratos.
Em segundo lugar, gostaríamos de saber se o Bloco de Esquerda está disponível para, em sede discussão
na especialidade, contribuir para a revisão dos escalões do IRS e também garantir o caminho que tem de ser
feito, em Portugal, no que diz respeito ao salário médio.
Em terceiro lugar, Sr. Deputado, gostava de perguntar-lhe o seguinte: tendo em conta o reforço ou a verba
prevista para a educação neste Orçamento do Estado — sabemos que grande parte provém de fundos
europeus, nomeadamente para a retirada do amianto das escolas, para o plano da digitalização —,
gostaríamos de saber como é que o Bloco de Esquerda vê, neste Orçamento, a valorização dos profissionais
de educação e a contratação de 3000 profissionais não-docentes assistentes operacionais.
Por fim, gostaria de perguntar-lhe que linhas vermelhas tem colocado o Bloco de Esquerda em matéria
ambiental, nestas negociações com o Governo.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, agradeço as suas várias questões. Não vou conseguir responder a todas, mas há uma que me parece fundamental para que não
confundamos discussões.