O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

15 DE OUTUBRO DE 2020

13

ganham o salário mínimo, têm longas jornadas de trabalho, trabalham por turnos, em horário noturno e não

têm a devida compensação e valorização.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: A reflexão e a tomada de medidas para responder às necessidades das

famílias têm de considerar duas dimensões: que rede temos e de que rede precisamos? E é exatamente com

estas duas dimensões sempre presentes que o PCP tem apresentado várias propostas.

Recordamos, desde já, uma iniciativa sobre o envelhecimento com direitos — que resultou numa resolução

da Assembleia da República, em 2018, que, aliás, urge concretizar —, propondo a criação de uma rede

pública de equipamentos e de serviços de apoio à terceira idade (apoio domiciliário, centros de dia,

residências para idosos), uma necessidade que o atual contexto confirma e torna mais urgente.

É preciso uma rede pública de lares e de outros equipamentos e serviços de apoio à terceira idade cujas

valências respondam às necessidades diversas deste grupo social heterogéneo, devendo ser consideradas as

situações de maior ou menor dependência e uma articulação da resposta dos lares com outras respostas

igualmente importantes, como o apoio domiciliário, os centros de dia, entre outros. Importa também que

existam respostas específicas que permitam, além da prestação de cuidados, atividades direcionadas para as

características e para as necessidades identificadas de cada utente.

Recordamos como o PCP tem insistido, também, numa rede pública de creches, apresentando propostas

nesse sentido e contribuindo para que se deem passos decisivos para a gratuitidade da frequência das

creches, mas também para uma resposta que seja universal, devendo esta proporcionar a componente de

guarda e de socialização, considerando as fases de desenvolvimento de cada criança, a idade e o seu próprio

ritmo.

Os últimos meses confirmaram o quão acertada esta intervenção se mostrou. Tivessem sido

imediatamente implementados a gratuitidade das creches e o regime de apoio às famílias, como o PCP

propôs, e muitas famílias não teriam sido confrontadas com problemas por causa das mensalidades nem as

instituições se teriam visto a braços com as dificuldades que enfrentaram.

Para garantir estas respostas mais diferenciadas e mais direcionadas, mas também para responder a

necessidades urgentes que o atual contexto demonstra, é impreterível o reforço de trabalhadores neste setor.

Lembramos que o PCP propôs a contratação de trabalhadores, com direitos, para estas instituições — uma

carência que se arrasta há anos e que se confirma todos os dias —, sendo preciso valorizá-los no concreto,

não só com palmas, elogios e palavras bonitas, e rejeitar qualquer situação de precariedade.

É preciso valorizar os salários destes trabalhadores, as suas carreiras, cumprir as convenções coletivas de

trabalho e as medidas de higiene, de saúde e de segurança no trabalho, para assegurar a sua proteção, ainda

mais necessária no atual contexto, com a exposição a que estão sujeitos, bem como assegurar a necessária

formação a que têm direito. Repito: é preciso reforçar o número de trabalhadores. É preciso que aqueles que

foram, aliás, considerados como trabalhadores de serviços essenciais tenham um suplemento remuneratório,

por força do risco acrescido a que estão expostos atualmente.

A realidade demonstra que uma resposta assente numa rede do setor social e privado não serve as

necessidades existentes. É necessário romper com um modelo assente numa lógica de privatização das

respostas sociais, com o alargamento do negócio para o setor privado e com a proliferação de entidades não

licenciadas. É fundamental definir uma relação do Estado com as instituições assente numa cooperação que

responda aos problemas e às lacunas existentes e que assegure o seu papel complementar. É fundamental

assegurar a existência de uma rede pública de equipamentos sociais — lares, creches e outros — de gestão

pública, na responsabilidade da segurança social, que responda às carências existentes, que combata as

desigualdades no acesso, que promova os direitos dos utentes, com respostas e valências de qualidade e de

proximidade, que considere as necessidades dos utentes e das famílias, que tenha trabalhadores valorizados.

E isto não é mais do que a assunção, por parte do Estado, das suas responsabilidades na garantia de

direitos sociais.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, tem cinco pedidos de esclarecimento. Como pretende responder?