I SÉRIE — NÚMERO 13
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isso, nós até valorizamos muitas organizações que foram feitas de forma voluntária e que, depois, se
transformaram em instituições dessa natureza, conduzindo à criação de um conjunto de respostas sociais.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Claro!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Por isso, valorizamos, inclusive, muitos desses trabalhadores que estiveram na origem destas mesmas instituições. Valorizamos tudo isso, Sr. Deputado. O que a seguir não
aceitamos é que o Estado se descarte das suas responsabilidades, porque as respostas, de um ponto de vista
de direitos sociais, são uma responsabilidade primária do Estado.
Aplausos do PCP.
As instituições particulares de solidariedade social têm um papel complementar e não se podem substituir
ao Estado. E o que está acontecer nesse momento é que são essas instituições que estão a substituir o
Estado num conjunto de respostas…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — O Estado tem de transferir os meios!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — … que tem de ser o Estado a garantir.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Por causa dos vossos Orçamentos!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — E é preciso, Sr. Deputado, inverter esse caminho. Para inverter esse caminho, é preciso alargar a rede existente e isso, Sr. Deputado, não passa por criar mais vagas junto dos
lares, como fez o Governo de que o CDS fez parte, sem ter sequer em consideração o espaço dos lares, só
atirando dinheiro para cima das IPSS. Não, não é essa a solução. A solução é criar uma rede pública que
responda às lacunas que existem neste momento, porque as listas de espera para os lares mantêm-se, as
listas de espera para as creches também se mantêm e os problemas destes trabalhadores também se
mantêm.
A resposta passa por uma rede pública de lares, de creches e de outros equipamentos e por um Estado
que assuma, efetivamente, as suas responsabilidades, responsabilidades que estão, aliás,
constitucionalmente consagradas.
Sr. Deputado Hugo Oliveira, do PS, gostaria só de sinalizar, aqui, duas ou três observações que fez.
Efetivamente, há muita coisa que é «pouco», Sr. Deputado. Não deixamos de sinalizar avanços que foram
importantes nos últimos anos, mas, efetivamente, é mesmo muito pouco, Sr. Deputado. Não é possível viver
com 565 € líquidos por mês, o salário mínimo que temos, hoje, no nosso País. E é isso que 25% dos
trabalhadores no nosso País levam para casa todos os meses — para pagar as contas, para garantir a
alimentação, para pagar a renda de casa —, muitos dos quais trabalham neste setor, Sr. Deputado. E é
também para responder aos trabalhadores deste setor e para garantir melhor qualidade na resposta deste
setor que a valorização salarial é absolutamente impreterível.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada, queira concluir, se faz favor.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, vou terminar. O PCP assinalou isso mesmo, aqui, na semana passada, quando trouxe à discussão o aumento do salário
mínimo nacional, tendo colocado como objetivo alcançar os 850 €/mês, proposta que nenhum dos partidos à
direita do PS, nem o PS, esteve disponível para acompanhar.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada, muito obrigado.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, mesmo para terminar.