15 DE OUTUBRO DE 2020
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O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Vai haver mais dinheiro!
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem de terminar.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Mas aí, Sr. Presidente, termino a perguntar: qual é a novidade? Nos últimos 40 anos todos sabem que, quando houve problemas, quem teve de resolvê-los fomos nós.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, queria agradecer as perguntas do Sr. Deputado Duarte Pacheco e do Sr. Deputado João Paulo Correia.
Começo por responder ao Sr. Deputado Duarte Pacheco, dizendo-lhe, de forma muito singela, que fiquei
na dúvida se a forma, quase apaixonada, como o PSD está a defender este Orçamento do Partido Socialista
não mostra alguma tentativa de união de facto a que ainda estamos para assistir.
Risos do Deputado do BE José Manuel Pureza.
Protestos de Deputados do PSD, do CDS-PP e do CH.
Pela nossa parte, não contem connosco para esse filme.
Mas, Sr. Deputado João Paulo Correia, creio que vale a pena discutirmos o essencial do que está em cima
da mesa e despirmos este debate de retóricas inflamadas, de chantagens ao País.
Como percebemos, estar à altura do momento é garantir que não nos enrolamos nem em retórica nem em
chantagem. Por isso, vou responder-lhe pelos conteúdos do que está em cima da mesa.
A consciência de cada um e de cada uma ditará que resposta queremos dar à pergunta, no dia em que o
Orçamento do Estado for votado: acreditamos que ele protegerá, durante o próximo ano inteiro, de 2021, as
pessoas da brutalidade da crise que se está a agigantar? Na nossa opinião, este Orçamento do Estado não o
faz. Não o faz, porque falha em momentos fundamentais.
Como disse, a proposta de apoio social desprotege muitas pessoas, milhares delas, e o Governo não pode
dizer que não alertámos para esse perigo porque o fizemos repetidamente. No entanto, escolheu entregar a
proposta como quis. Não pode ignorar que as várias contratações para o Serviço Nacional de Saúde foram
todas várias vezes anunciadas e poucas vezes concretizadas.
O Sr. Deputado referiu a contratação e vou-lhe dar conta das notícias, porque concretização ainda não há
de quase nada.
Em maio, eram 2300 profissionais para o SNS; em junho eram 2700; em agosto eram mais 4300; em
setembro já foram mais 950; e, no final, tudo espremido, em outubro eram, afinal, só 2995. É desta realidade
que estamos a falar,…
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — … num serviço fundamental num período pandémico, no Serviço Nacional de Saúde.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Podia ser diferente. Já alertávamos para a necessidade de contratar antes da pandemia. O que não se percebe é que, depois de uma pandemia, não se tenha ainda mais urgência
nessa contratação.