15 DE OUTUBRO DE 2020
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Como hoje aqui diziam, nesta bancada, daqui a seis meses, vão estar a exigir responsabilidades não
àqueles que se opuseram, mas àqueles que viabilizaram o Orçamento do Estado. Alguns vão dizer, como
sempre: «Não tínhamos alternativa, não podíamos fazer nada!». Temos alternativa, o poder está nas nossas
mãos, porque está nas mãos daqueles que nos elegeram, para fazer uma barreira ao caminho perigoso que
estamos a seguir em Portugal.
Enquanto discutimos se António Costa avança ou não avança, o País mergulha numa amálgama cada vez
maior de falta de transparência. As CCDR (comissões de coordenação e desenvolvimento regional) estão à
vista de todos, o dinheiro distribuído pelas autarquias vai ser «um ver se te avias» para Portugal nos próximos
meses, quando temos eleições autárquicas a pouco mais de um ano. Se não arrepiarmos este caminho,
agora, vamos arrepender-nos, daqui a alguns meses, por não o ter feito: uns vão lamentar não ter criticado,
outros vão lamentar não ter agido.
Nisto, o Partido Socialista diz que não, que temos um programa de compliance e um programa de
prevenção, um programa de estratégia contra a falta de transparência e contra a corrupção, quando
soubemos, hoje, que, de facto, há uma grande novidade no Orçamento do Estado: o Governo do PS quer
cobrar 58 vezes mais multas de trânsito do que cobrou no ano passado.
Excelente! Para um País que quer avançar no caminho certo, isto é dizer aos polícias «cobrem mais, vão
buscar dinheiro à classe média, vão buscar dinheiro às pessoas, para nos continuar a sustentar, a nós, ao
maior Governo que alguma vez tivemos na história e aos salários dos consultores que continuam a trabalhar
para o maior Governo que alguma vez tivemos em Portugal.»
Precisamos de aumentar as penas de corrupção.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. André Ventura (CH): — Vou terminar, Sr. Presidente. Precisamos de medidas de coação que evitem que, até a condenação com trânsito em julgado, as
empresas possam concorrer, quando condenadas em primeira instância.
Protestos daDeputada do PS Joana Sá Pereira.
E precisamos do afastamento perpétuo dos cargos públicos de pessoas condenadas por corrupção.
Vou terminar, Sr. Presidente, dizendo o seguinte: nada disso está neste Orçamento, nada disso está no
Programa do Governo.
Como diz um amigo meu, «agora, pensem».
O Sr. António Filipe (PCP): — Só faltam os tremoços!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado André Ventura, inscreveu-se, para pedir esclarecimentos, um Sr. Deputado do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
Tem a palavra o Sr. Deputado João Gonçalves Pereira.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, gostaria de cumprimentar o Sr. Deputado André Ventura e colocar-lhe, aqui, uma questão muito concreta, que tem precisamente a ver
com o tema que o CDS trouxe a esta Câmara em declaração política, os fundos europeus. Ouvimos falar aqui
dos fundos europeus, amanhã teremos o Sr. Primeiro-Ministro a entregar um plano em Bruxelas que o
Parlamento desconhece e o Sr. Deputado falou aqui em matéria de transparência. Pergunto-lhe, sobre essa
matéria, o que é que pensa relativamente àquilo que deve ser a transparência da relação entre o Governo, o
Parlamento e Bruxelas.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, Sr. Deputado André Ventura.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Sr. Deputado, muito obrigado. De facto, os fundos europeus obrigam-nos a repensar a forma como vamos fazer o controlo e a fiscalização nesta matéria.