15 DE OUTUBRO DE 2020
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Também nós, Deputados, com a óbvia coordenação do Sr. Presidente Assembleia da República, temos
vindo a trabalhar com a adequada independência, mas em colaboração com o Governo, na preparação do
programa da dimensão parlamentar da Presidência portuguesa, que incidirá num conjunto relevante de
iniciativas. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para dar disso conhecimento à Câmara e ao Sr. Ministro.
Estamos, assim, para além das iniciativas protagonizadas pelo Sr. Presidente da Assembleia da República,
a organizar reuniões de presidentes e plenária da COSAC (Conferência dos Órgãos Especializados em
Assuntos Europeus), em janeiro e maio, respetivamente, e a Conferência Interparlamentar sobre Política
Externa e Segurança Comum (PESC) e sobre Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD), nas quais
terão, para além da Comissão Parlamentar de Assuntos Europeus, especial protagonismo as Comissões
Parlamentares de Negócios Estrangeiros e de Defesa, em março.
Para além destas iniciativas, a Assembleia da República participará, em copresidência com o Parlamento
Europeu, na Conferência sobre Estabilidade, Governação e Coordenação Económica e Monetária, no âmbito
da semana parlamentar europeia, em fevereiro, em Bruxelas, em parceria com o Parlamento Europeu, com
especial envolvimento das Comissões Parlamentares de Orçamento e Finanças e de Trabalho e Solidariedade
Social, e ainda na reunião do Grupo Especializado de Controlo Parlamentar Conjunto (GCPC), da Europol,
onde participarão também Deputados da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos,
Liberdades e Garantias.
Organizaremos, ainda, para dar mais destaque à prioridade portuguesa das relações com Africa, uma
reunião interparlamentar UE/África, com a participação, designadamente, do Parlamento Europeu e da
vertente parlamentar da União Africana.
Cabe-me, assim, mais do que questioná-lo, Sr. Ministro, felicitá-lo pelo seu contributo, enquanto membro
do Governo, para as históricas decisões de julho, que, apesar das incertezas da COVID-19 e da crise dela
decorrente e do ainda imprevisível desfecho do Brexit, permitiram que o ano de 2021 possa ser encarado
como um tempo de esperança e de confiança no futuro.
Nós, Deputados da Assembleia da República, tudo faremos para contribuir para o sucesso da Presidência
portuguesa do Conselho e para honrar o nome de Portugal.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção cabe ao PSD, cujo tempo será dividido entre a Sr.ª Deputada Isabel Meireles e a Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes.
Em primeiro lugar, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Meireles.
A Sr.ª Isabel Meireles (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Sr. Secretário de Estado, Sr.as e Srs. Deputados: Portugal assume, pela quarta vez, a Presidência rotativa de
Conselhos da União Europeia e esta Presidência afigura-se-nos particularmente desafiante, porque ela tem
entre mãos — e permitam-me a chã expressão — várias «batatas quentes».
Antes de mais, a primeira é a do Brexit. Boris Johnson acaba de pedir nova extensão de tempo. Estamos a
78 dias de um no-deal, um cenário que era impensável em toda a Europa, e o divórcio entre o Reino Unido e
Bruxelas não se concretiza. O Reino Unido saiu da União, mas não saiu da Europa e a União Europeia perdeu
um país, mas não perdeu a sua alma.
A primeira questão é, pois, a seguinte: a Presidência portuguesa tem um plano B para o caso de haver no-
deal?
Em segundo lugar, há outra questão que nos parece também «quente», que é sobre o Quadro Financeiro
Plurianual 2021-2027. Como sabemos, as negociações estão num impasse, estão mesmo suspensas, e este
Orçamento, como todos sabemos, é absolutamente indispensável para a recuperação nacional e para a
recuperação europeia. Pergunto se o Sr. Ministro, no caso de este impasse se manter, espera que a
Presidência portuguesa possa promover o emprego, o apoio às pequenas e médias empresas e, sobretudo, a
unidade do mercado.
A terceira questão, que eu também considero «quente», prende-se com os fundos europeus. Há, pelo
menos, 10 entidades que fiscalizam os fundos europeus — 10 entidades! E o Governo, que exibe o Simplex
na Administração Pública, será que não consegue encontrar um modelo mais eficaz, mais transparente para