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I SÉRIE — NÚMERO 13

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ou orientação sexual, devendo estas medidas ser implementadas fora do contexto do mercado de trabalho.

Esta Diretiva tem sido sucessivamente barrada por falta de consenso entre os Estados-Membros. Irá o

Governo assumir o compromisso de avançar com a aprovação desta diretiva durante a Presidência Europeia?

Outro aspeto que quero analisar é o pacto das migrações. Este pacto é um logro, uma oportunidade

perdida. As medidas apresentadas reforçam a Europa fortaleza e nada apresentam sobre os mecanismos para

criar rotas seguras de migração.

Mais uma vez, as pessoas migrantes, refugiadas ou requerentes de asilo, ficam à porta. São

criminalizadas, tornadas um empecilho.

Com esta proposta, falha a promessa de uma abordagem humanitária, falha a narrativa da solidariedade e

falha o acolhimento.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Beatriz Gomes Dias (BE): — Promover rotas seguras para as pessoas que fogem da fome e da guerra é ou não um dos objetivos da Presidência portuguesa?

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra, em nome do PCP, o Sr. Deputado Bruno Dias.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro e Sr. Secretário de Estado: A questão central que importa destacar neste debate é a abordagem que hoje fazemos sobre a Presidência

portuguesa do Conselho da União Europeia, a ter início a 1 de janeiro próximo.

Se, relativamente ao chamado «debate do Estado da União», já pudemos fazer referência às questões

colocadas, da recuperação económica às políticas industriais, ambientais, do digital, etc. — e fizemo-lo num

debate muito recente em sessão plenária —, já por seu turno a Presidência portuguesa, que se aproxima a

passos largos, deve ser debatida e encarada pela responsabilidade e pela oportunidade que traduz.

Para o PCP, a responsabilidade e a oportunidade que não pode ser recusada é a de que Portugal possa

contribuir, de forma séria, consequente, construtiva e determinada, por um caminho alternativo por uma

Europa de cooperação, de progresso social e de paz. É essa a agenda que deve prevalecer, desde logo na

Presidência portuguesa, e não as agendas, novas ou velhas, da desigualdade, da submissão, de degradação

dos direitos dos trabalhadores e dos povos.

É indispensável que os debates, as propostas, as decisões que teremos pela frente tenham estas

referências prioritárias: de uma Europa assente na elevação dos direitos laborais e sociais; de uma Europa

respeitadora do direito ao desenvolvimento soberano e promotora de relações mutuamente vantajosas; de

uma Europa de cooperação entre Estados soberanos e iguais em direitos, respeitadora da democracia; de

uma Europa que promova efetivas relações de amizade, de cooperação, de solidariedade com todos os povos

do mundo; de uma Europa respeitadora do meio ambiente, fator de desenvolvimento harmonioso e

preservação da natureza; de uma Europa que respeite e promova a cultura, a diversidade e o intercâmbio

cultural.

No momento deste debate, é impossível ter certezas quanto à situação concreta em que nos

encontraremos a 1 de janeiro. Mas nesta altura ganham mais força e atualidade os alertas do PCP, desde logo

quanto ao que está colocado em relação ao Quadro Financeiro Plurianual e ao Fundo de Recuperação.

É preciso defender e afirmar princípios e objetivos que não podem ser abandonados como a função

redistributiva do Orçamento, o seu reforço por via fundamentalmente das contribuições dos Estados, tendo por

base o rendimento nacional bruto para a coesão e fundos estruturais, para suporte das estratégias de

desenvolvimento dos Estados-Membros ou, ainda, a rejeição de condicionalidades quer no Orçamento quer no

Fundo de Recuperação, denunciando o problema do fundo em que, ou são empréstimos que serão pagos à

custa de novos recursos próprios que subtraem aos Estados, ou são novas taxas que se impõem não

revertendo para os Orçamentos dos Estados, ou aí teremos cortes orçamentais ou até pagamentos à União

Europeia, com as ameaças e as armadilhas que outra vez vão aparecendo ao princípio da igualdade entre