I SÉRIE — NÚMERO 13
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O Sr. André Ventura (CH): — Fui vítima, enquanto falava! Sr. Ministro, era bom que esclarecesse também os portugueses em relação…
Protestos de Deputados do PS.
Calma! Estão a falar muito alto.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado queira concluir.
O Sr. André Ventura (CH): — Era bom que o Sr. Ministro esclarecesse os portugueses em relação a Moçambique.
Apoiamos tudo e mais alguma coisa, falamos da Síria, de Marrocos e de todos os sítios de onde vem
imigração que, muitas vezes, não nos interessa para nada. Vamos ou não apoiar Moçambique na luta contra o
terrorismo, numa das alturas mais difíceis da sua história, em Cabo Delgado?
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Muito obrigado, Sr. Deputado.
O Sr. André Ventura (CH): — Vamos ou não ter coragem de o fazer e vai ou não Portugal honrar a sua história ao apoiar Moçambique?
Era isso que, hoje, gostávamos de o ouvir dizer.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, acredita que a Presidência portuguesa do Conselho terá bons resultados, pois sente Portugal ao
seu lado em matérias de dimensão social.
Ora, ontem mesmo, a Comissão divulgou uma estatística sobre a percentagem de população a viver em
más condições de habitação e Portugal é o segundo país dessa lista — entenda-se: Portugal é o segundo pior.
Dezoito anos de governação PS, nos últimos 25 anos, produziram 24% de portugueses a viver em más
condições de habitação. Por isso, quando diz que Portugal a acompanha na dimensão social, a Presidente von
der Leyen deve estar a falar noutro país. Confunde a amizade que lhe interessa mostrar pelo seu amigo
António com as narrativas que a comunicação do PS vai criando. A realidade, essa coisa chata para as
narrativas, é, infelizmente, bem diferente e o problema é que von der Leyen não está habituada a lidar com
argumentos deste tipo, de «banha da cobra», cujo único objetivo é o da manutenção do poder.
Os péssimos resultados da utilização dos fundos europeus no passado confirmam isto mesmo: Portugal
está, há duas décadas, a divergir da União Europeia. Os portugueses têm hoje menos poder de compra face à
média da União Europeia do que tinham há 20 anos. E isto vai continuar, porque já se percebeu que nada vai
mudar na governação dos novos fundos.
Ninguém sabe muito bem como e quem vai avaliar, selecionar e acompanhar os projetos que serão
apoiados. Ainda ninguém percebeu como se pode garantir que, desta vez, haverá retorno social e económico
desses investimentos. Ainda ninguém nos explicou porque é que, desta vez, não vamos acabar apenas a
engrossar a montanha de dívida pública e a lamentar mais uma oportunidade perdida.
Deixo uma nota final para dizer que a Comissão sabe bem que só há recursos para a importante dimensão
social se houver crescimento económico. Para isso, não podemos acrescentar ao dirigismo estatista português
um dirigismo europeu, a definir projetos de cima para baixo, sem saber aquilo que cada nação está preparada
para executar.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Vou concluir, Sr. Presidente.