15 DE OUTUBRO DE 2020
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Mas, a nosso ver, nada disso se consegue com o Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 e o Fundo de
Recuperação, que tornam a convergência e a coesão cada vez mais uma miragem.
Para terminar, quero deixar mais duas breves notas, Sr. Ministro. Sobre os refugiados, em circunstância
alguma se pode cair na hipocrisia de esquecer as causas e o tempo é de agir e levar a solidariedade dos
discursos para o terreno. Só assim conseguiremos salvar vidas.
A segunda nota tem a ver com o acordo com o Mercosul (Mercado Comum do Sul), que, em benefício da
transparência e da democracia, impõe um debate público, devendo Portugal exigir esse legítimo debate, que
envolva os cidadãos europeus em matérias cruciais para o nosso futuro, com implicações para a soberania
dos Estados, os direitos das populações e o ambiente.
O que pergunto, Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, é se o Governo português está determinado em
fazer da Presidência portuguesa um marco em termos de influência positiva para muito do que está a falhar na
União Europeia e, sobretudo, para não aprofundar um modelo que não serve Portugal, nem a generalidade
dos povos europeus.
Aplausos do Deputado do PCP Bruno Dias.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado André Ventura.
O Sr. André Ventura (CH): — Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Ministro, é evidente que a União Europeia vive os tempos mais dramáticos da sua história. E quando a
União Europeia vive os tempos mais dramáticos da sua história, com o desemprego, com a fome e com as
falências, há partidos que estão preocupados com o pacto das migrações e com o racismo. Quando os
europeus ficam sem dinheiro na carteira e correm à busca de emprego, quando as empresas não conseguem
pagar salários nem dívidas, estamos preocupados com o pacto das migrações!
É bom que se saiba lá fora quais são as prioridades de muitos destes partidos.
Protestos do PS e do BE.
Eu sei que querem muitas migrações e imigrações, legais e ilegais, tudo o que puderem ter no mundo. Um
dia, resolverão isso com alguém.
O Sr. Ministro falou de atores globais e disse que o Estado falaria com todos, especialmente com os
Estados Unidos da América e a China. Mas há um Deputado nesta Casa, o Deputado Miguel Costa Matos —
penso que hoje não está aqui — que disse preferir o Presidente chinês ao Presidente norte-americano. Ora,
convinha que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros dissesse aqui se essa é a posição do Partido
Socialista, que prefere o ditador chinês ao Presidente democrático de um dos nossos maiores aliados
internacionais. E era importante que o Partido Socialista esclarecesse de que lado é que está da história e ao
lado de quem é que prefere estar.
Mas também era importante, Sr. Ministro, que esclarecesse finalmente os portugueses acerca do seguinte:
é ou não a favor de impostos europeus? É que o seu Primeiro-Ministro vem aqui e, num dia, diz que sim,
noutro, diz que não. Era importante percebermos se o PS é ou não a favor de impostos europeus. E também
importa saber quem é que os vai pagar e como é que os vão pagar.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. André Ventura (CH): — Vou terminar, Sr. Presidente. Mas pelas interrupções de que fui vítima enquanto falava…
Vozes do PS e do BE: — Oh!…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, queira concluir.