I SÉRIE — NÚMERO 13
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controlar a sua execução, não só em termos de abusos, como, eventualmente, de fraudes, para não
cometermos erros do passado, porque não podemos desperdiçar um único euro neste tempo de crise?
Sr. Ministro, uma última questão, esta sobre as redes da quinta geração, o 5G.
John Bolton, ex-conselheiro de Donald Trump, alertou para que a Huawei não é uma empresa de
telecomunicações como as outras, é um braço do Estado chinês, e diz mesmo que está em causa a
sobrevivência do Ocidente. Ontem, o Sr. Presidente da República, na aula inaugural do Colégio da Europa,
que tive o privilégio de frequentar, deu, de algum modo, respaldo a esta teoria.
Por isso, a pergunta que faço é se Portugal e a Europa devem ficar dependentes da China e das empresas
chinesas de conetividade e de expansão do 5G, porque a segurança e as suas manifestações modernas,
nomeadamente a cibersegurança, não podem ser negligenciadas, e é isso também o que esperamos da
Presidência portuguesa dos Conselhos, nesta matéria, para o próximo ano.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados: Neste debate sobre as prioridades da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia,
gostaria de deixar algumas notas, embora o tempo de que disponho não permita que me alongue.
Desde logo, Sr. Ministro, quero começar por afirmar que a pandemia veio provocar uma crise mundial e
lançar desafios quer à sociedade quer à economia ao nível nacional e ao nível europeu. E, por isso mesmo, é
preciso uma ação urgente, mas não só urgente, uma ação abrangente ao nível europeu, e, como referi
também, ao nível nacional.
Neste contexto, o discurso da Sr.ª Presidente da Comissão Europeia sobre o estado da União, o próprio
Programa do Trio das Presidências, do qual Portugal faz parte, e também o programa da Presidência alemã
sublinham, neste aspeto, a importância que deve ser dada aos trabalhadores e às suas famílias, ou seja, a
Europa social que o Sr. Ministro também aqui referiu e que nós reiteramos que, de facto, deve ser uma
prioridade da União Europeia.
Queria ainda referir que o Programa do Trio das Presidências manifesta um compromisso, o de a União
Europeia proteger as pessoas. E, para cumprir esse compromisso, o citado programa fala precisamente da
implementação e da importância do pilar europeu dos direitos sociais — e aproveito para destacar que o PSD
também se congratula por aquilo que o Sr. Ministro acabou, aqui, de referir, dizendo que o pilar europeu dos
direitos sociais é também uma prioridade e vai permanecer como tal na Presidência portuguesa.
E, de facto, é importante porquê? Porque com a implementação deste pilar conseguimos garantir a
igualdade de oportunidades de acesso ao mercado de trabalho, condições de trabalho justas, proteção e
inclusões sociais. Portanto, mais uma vez, destacamos que é fundamental que o Governo português tenha
sempre este pilar como um dos objetivos e uma das prioridades.
Recordo também, Sr. Ministro, que o pilar europeu dos direitos sociais nos remete para uma outra
realidade, que é a realidade das constantes alterações que vão ocorrendo no mundo do trabalho. Desde logo,
pelas novas tecnologias e desde logo, também, pelo envelhecimento. Portanto, há desafios acrescidos que se
colocam no mundo do trabalho…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada, faça favor de concluir.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Termino, Sr. Presidente, afirmando que é preciso perceber, de facto, a disponibilidade do Governo para esta questão, pelo que queríamos ouvir um pouco mais o Governo
falar desta que deve ser também uma prioridade nesta fase.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção pertence ao Bloco de Esquerda, que também irá dividir o tempo de que dispõe.