I SÉRIE — NÚMERO 15
32
Aplausos do PSD.
Na verdade, o que está a acontecer é o seguinte: o Bloco de Esquerda e o PCP vão lá fora, em privado, com
o PS e estabelecem as suas linhas vermelhas para o Orçamento, mas, depois, vêm cá dentro e têm necessidade
de mostrar que ainda são diferentes, cinco anos depois. Portanto, trazem estas propostas, que até duvido que
queiram mesmo que sejam aprovadas, para dizerem ao seu eleitorado que ainda são qualquer coisa de
diferente, mas, Srs. Deputados, já não enganam mesmo ninguém.
Aplausos do PSD.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — O PSD conseguia melhor que isto para o debate! Está nos mínimos…
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Pires para uma intervenção.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: No tempo que me resta, assinalo três notas, que cremos serem importantes para este debate.
Em primeiro lugar, as audições que aconteceram na comissão, a requerimento do Bloco de Esquerda,
verificaram-se muito úteis para percebermos que estamos perante uma situação de chantagem, por parte do
Governo mas também por muita pressão das operadoras — aliás, ainda ontem, tivemos notícia disso e o CDS,
infelizmente, veio fazer exatamente o mesmo discurso dos grandes operadores que lemos nas notícias —, para
avançar com um processo que tem muitas falhas.
Uma das grandes falhas que têm sido apontadas, e que tem sido um dos argumentos utilizados para saltar
várias etapas e avançar, é o facto de o 5G servir para colmatar as falhas de cobertura do 4G. Srs. Deputados e
Sr.as Deputadas, isso não é necessariamente assim. Todos percebemos, nas audições que tivemos, que não
vai ser assim e que, portanto, vamos continuar a ter problemas de coesão territorial, independentemente de
termos o 5G ou o 4G. Não é isso que vai resolver o problema!
Sr. Presidente, para terminar, queria dizer que o que vai resolver o problema — e daí as propostas que
apresentamos — tem que ver com o facto de estarmos a falar de um bem público, como o Sr. Deputado Hugo
Carvalho disse. Sr. Deputado, lembro que a PT, enquanto foi pública, era uma das melhores empresas do mundo
a nível de telecomunicações.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É verdade!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ele sabe lá!
Protestos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Portanto, seria bom recordar o que o País já teve e o que o País perdeu por causa das privatizações que, ao longo dos últimos anos, foram feitas.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias para uma intervenção.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quando ouvimos falar de proteção ao incumbente, é preciso ter cuidado com as histórias mal contadas.
É que o incumbente, ou seja, a PT, foi uma empresa privatizada, tomada de assalto e descapitalizada pelos
grupos económicos que dela se apropriaram. Protegidos foram o BES (Banco Espírito Santo) e o Grupo Espírito