24 DE OUTUBRO DE 2020
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Sr.as e Srs. Deputados, todas as crianças têm direito a ter um pai, e este pai não é um mero dador. Aliás, o
espírito da lei distingue claramente um dador de um pai. Não quis a lei em vigor tratar o dador da mesma forma
que trata um pai. Pai é outra coisa: pai aporta história, dá-lhe nome, atribui direitos patrimoniais e direitos
sucessórios. Veja-se, Sr.as e Srs. Deputados, o impacto e a imprevisibilidade que estas matérias criam no direito
sucessório. Pai é, por definição, alguém presente na vida de um filho desde o seu nascimento, e esse é um
direito de todas as crianças.
Protestos do Deputado do BE Moisés Ferreira.
Por mais respeitabilidade e solidariedade que tais projetos parentais nos mereçam, estes não podem
sobrepor-se aos direitos das crianças, que serão sempre o objeto da nossa maior proteção enquanto sociedade.
Protestos do PS.
O Sr. Presidente: — Peço aos Srs. Deputados que deixem a Sr.ª Deputada intervir. E peço aos Srs. Deputados que continuam de pé que se sentem. Se quiserem conversar, conversem lá fora!
Continua no uso da palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — Muito obrigada, Sr. Presidente. Por fim, deixo uma palavra para a iniciativa legislativa do CDS. O PSD irá, naturalmente, acompanhá-la,
porque acompanha as suas preocupações, sem prejuízo de, na especialidade, fazermos um trabalho sério e
podermos aperfeiçoá-la.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — A encerrar o debate, para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, do Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Eu tinha-me inscrito inicialmente para deixar uma nota sobre o projeto apresentado pelo CDS, só para explicar porque não o podemos
acompanhar.
Parece-nos que a lei da procriação medicamente assistida não é o local mais adequado para introduzir uma
vinculação em matéria dos ciclos que são acompanhados no SNS. A solução atual, que remete para uma
decisão e avaliação no SNS, parece-nos mais adequada e, por outro lado, há, efetivamente, o risco de,
aumentando para cinco ciclos sem uma garantia de que a probabilidade de sucesso seja elevada, podermos até
incorrer na dificuldade de estar a dificultar e a aumentar a duração das listas de espera daqueles contextos em
que ainda nem sequer se iniciaram os procedimentos e em que essa realidade possa existir.
Dando esta nota, não posso deixar de reagir à intervenção da Sr.ª Deputada Sandra Pereira, para dizer que
não estava à espera de uma intervenção vinda diretamente de 1955,…
Aplausos do PS.
… tendo em conta que a legislação sobre procriação medicamente assistida foi alterada em 2016 e já hoje
admite o acesso das mulheres solteiras à PMA.
Aplausos do PS.
Protestos da Deputada do PSD Sandra Pereira.
Mas, mais: desde o início que a legislação prevê matéria sobre a inseminação post mortem e é de espantar
que a Sr.ª Deputada, que foi relatora da petição e da iniciativa legislativa de cidadãos, não se tenha apercebido
de que a lei já prevê que a inseminação post mortem é possível e que o que está em causa…