O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

28 DE OUTUBRO DE 2020

21

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — O senhor só percebeu agora que o Bloco de Esquerda era um parceiro para as boas horas, enquanto ia dando coisas, enquanto tinha coisas para dar, e que, nas horas difíceis, nas

horas complicadas, em que a economia está como está, saltava e colocava-se de fora?! Só deu por isso

agora?! Não se apercebeu antes?!

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — É que, realmente, o senhor tem um problema político, mas não fui eu que me meti nesse buraco e o senhor, aparentemente, não sabe como há de sair dele.

A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Olhe o irrevogável!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Em segundo lugar, há, obviamente, um problema económico. Este Orçamento, e neste aspeto estou de acordo consigo, Sr. Primeiro-Ministro, é um orçamento de

esquerda, é um orçamento feito à esquerda, é um orçamento para agradar à esquerda. Nisso, estamos de

acordo e, portanto, nunca seria o nosso orçamento — somos um partido de direita. É um orçamento que, de

resto, parte da velha ilusão da esquerda, de que é possível distribuir riqueza sem a criar.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exatamente!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Essa é a ideia de fundo deste Orçamento: distribuir e distribuir. Mas não é só distribuição, é mais do que isso, é uma coisa em que a esquerda é pródiga, que é a seguinte:

enquanto vêm fundos, venham eles de onde vierem, dá para fazer assistencialismo. O problema é que esses

fundos têm fim, o assistencialismo também e, depois, não há economia que sobreviva a isso.

E o Sr. Primeiro-Ministro sabe que a maior parte dos responsáveis empresariais lhe disse que este

Orçamento não tem nada para as empresas. A fiscalidade mantém-se igual. Tirando o número de propaganda

do voucher, o resto é igual. Os senhores não diminuem impostos, os senhores não têm nada para oferecer às

empresas e é por isso que este Orçamento, de alguma forma, é um orçamento que, de acordo com o velho

provérbio oriental, pode até distribuir algum peixe, mas nem ensina a pescar, nem dá a cana, e a cana são as

empresas, a cana é a economia privada. 80% da nossa riqueza é produzida pela economia privada e neste

domínio nada neste Orçamento é satisfatório, porque é público, público e mais público.

A terminar, Sr. Primeiro-Ministro, há ainda, na nossa opinião, um problema de justiça. E o problema de

justiça é este: nós dizemos, desde o princípio, que a única forma de responder na saúde e a única forma de

responder à pandemia é aproveitando toda a capacidade instalada, é contratualizando com o setor social e

com o privado. É a única opção! Onde é que está a verba para que isso seja feito? É que ela não está lá e, se

não está lá, o que acontece é que não vamos conseguir recuperar os milhares de consultas e cirurgias que

ficaram por fazer e a situação que temos na saúde.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exatamente!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Onde é que está a verba, por exemplo, para os mais idosos, Sr. Primeiro-Ministro, para aqueles que, neste momento, não conseguem comprar os seus medicamentos?! Não

está lá e, desse ponto de vista, também não é justo!

Já agora, e ainda falando em justiça, Sr. Primeiro-Ministro, o senhor vai, finalmente, propor — deve fazer

parte das suas negociações — o subsídio de risco para os profissionais de saúde. Propusemos isso e, como

sabe, os senhores chumbaram, aliás, propusemos uma fórmula semelhante e foi o Partido Socialista que a

chumbou.

O Sr. Presidente: — Peço-lhe para terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Estou mesmo a terminar, Sr. Presidente.